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Dolores Silva: "O que fizemos dentro de campo foi incrível. Estou muito orgulhosa!"

Declarações na zona mista após o jogo Portugal-Estados Unidos (0-0), da terceira e última jornada do Grupo E do Mundial2023 feminino de futebol, disputado esta terça feira em Auckland, na Nova Zelândia.

Dolores Silva: "O que fizemos dentro de campo foi incrível. Estou muito orgulhosa!"
Dolores Silva

- Dolores Silva (capitã de Portugal): “É uma profunda tristeza, porque ficámos muito perto de uma qualificação histórica e de eliminar as campeãs do mundo. O que fizemos dentro de campo foi incrível, mas não conseguimos ter sorte nesse lance que foi ao poste. Estou muito orgulhosa, porque mostrámos que, quando se trabalha, se acredita e se é Portugal, a jogadora portuguesa tem imensa qualidade e potencial para defrontar qualquer equipa.

É fantástico ver toda a evolução da nossa equipa. Para nós, fica sempre guardada como uma exibição olhos nos olhos e sem medo contra as campeãs do mundo. Ganhámos um ponto, mas podiam ter sido três e haver uma passagem histórica. Estamos muito tristes e desapontadas por não termos atingido o objetivo, mas muito orgulhosas, porque foi uma das nossas melhores exibições. Tenho a certeza de que nos dará ainda mais confiança.

[bola ao poste de Ana Capeta perto do fim] Lá atrás, nós já estávamos de braços abertos [para festejar]. Pensei que essa bola iria entrar, mas, quando bateu no poste, disse para mim mesma: “porra, que sorte a delas!”. Em nada fomos inferiores aos Estados Unidos.

Estávamos a defrontar a melhor equipa do mundo na teoria, mas, na prática, o que se viu foi um Portugal sem olhar ao nome que elas tinham nas costas ou à história - e algumas delas têm uma grande história no futebol feminino e inspiraram-nos a querer e a trabalhar muito para chegarmos aqui. Termos jogado contra essa equipa a um nível de exigência espetacular, demonstrando o que é ser Portugal, é de um caráter e maturidade incríveis.

O nosso objetivo era chegar ao terceiro jogo a depender só de nós. Claro que o resultado no primeiro duelo [derrota por 1-0 com os Países Baixos] não era o que queríamos. Pelo menos, um ponto merecíamos ter conquistado e, se calhar, estaríamos a fazer outro tipo de contas. Isto é o se. Se essa bola quase no último minuto entra, a história seria outra.

Tivemos o privilégio de jogar um Mundial. Jogámos pelas gerações anteriores e futuras. Queremos continuar a inspirar a mulher portuguesa e todas aquelas que, em vez de hoje olharem só para os nomes nas costas das camisolas dos Estados Unidos, começaram a olhar para o nome nas costas das jogadores portuguesas com imenso orgulho e crença”.

- Jéssica Silva (jogadora de Portugal): “Não é positivo, pois não passámos aos oitavos de final. Ao mesmo tempo, temos um misto de sensações, porque saímos frustradíssimas e merecíamos mais. Penso que fomos a equipa mais competente neste desafio, estivemos bem mais próximas de fazer o golo e demonstrámos um futebol incrível com e sem bola.

Foi a nossa primeira participação [em Mundiais] e defrontámos excelentes seleções, que são referência para nós. Mostrámos o trabalho incrível que está a ser feito em Portugal. Temos trabalhado arduamente nos clubes todo o ano. Por isso, estou muito orgulhosa do que fizemos. Temos de estar orgulhosas, apesar de haver um sentimento de frustração.

[bola ao poste de Ana Capeta perto do fim] Achava que iria ser golo, mas não foi. Nesse momento, pensei que alguém não estava a querer que aquilo acontecesse. Agora, é dar tempo ao tempo. Estamos um bocadinho tristes, mas temos de continuar. Temos mais competições pela frente este ano [a Liga das Nações] e lá estaremos no próximo Mundial.

Jogámos contra uma das melhores equipas nesta competição, que é a maior do mundo. Poderá ter sido uma das nossas melhores exibições, mas não foi suficiente para passar aos ‘oitavos’. Na verdade, essa era a nossa vontade e mostra a ambição desta equipa. Queremos continuar a demonstrar este Portugal competente, ambicioso e que está a ser capaz de olhar estas grandes seleções olhos nos olhos. Deixámos uma marca positiva”.

- Tatiana Pinto (jogadora de Portugal): “Foi uma exibição tremenda da equipa. Para mim, foi brilhante. Fomos superiores em todos os momentos, tivemos mais posse de bola e até vimos a intranquilidade nos olhos das atletas dos Estados Unidos. Sei que a posse não ganha jogos, mas foi um grande indicador para nós e para o futebol feminino português.

Colocámos os Estados Unidos a defender com cinco [unidades] nos últimos minutos. É prova de que elas estavam completamente inseguras e que nós estávamos a criar muito perigo. Sinto que houve uma afirmação da jogadora portuguesa nestes grandes palcos.

Não negamos que estamos tristes e desiludidas, até porque sentimos que podíamos ter passado à fase seguinte e faltou um bocadinho de sorte, mas o balanço é extremamente positivo. Estou bastante orgulhosa e acho que as minhas colegas e todas as gerações - e foram muitas que lutaram imenso para estarmos cá - só têm de estar assim. Certamente, vamos voltar, porque Portugal merece estar aqui de uma forma assídua e a sonhar alto.

Infelizmente, quando era pequena, não tinha referências no futebol feminino. Espero que hoje, amanhã e no futuro haja cada vez mais meninas, mulheres, meninos ou homens a olharem para nós como uma inspiração para poderem lograr tudo aquilo que quiserem”.

- Kika Nazareth (jogadora de Portugal): “Não foi possível hoje, mas que é possível, seja daqui a quatro anos, seja... não sei, mas é possível. Foi o nosso primeiro Campeonato do Mundo e foi brutal aquilo que fizemos num grupo com a vice-campeã [Países Baixos] e a bicampeã do mundo. Saímos daqui com um sabor amargo, porque aquela bola ao poste tinha de entrar e faltou-nos um pouco de sorte, mas estamos orgulhosas do que fizemos.

É frustrante. Uma coisa é sabermos que não temos qualquer hipótese, o que já não é o caso há muitos anos. Agora, já sabíamos que era possível e provámo-lo. Fomos estando por cima e houve chances. Faltou-nos um bocadinho de sorte, porque o resto esteve lá. Eu já vi os Estados Unidos e sei que são capazes de mais, mas isso sucede porque, se calhar, as outras equipas deixam. Nós fizemos o que fizemos. Saio triste, mas orgulhosa.

Somos nitidamente uma equipa de Campeonato do Mundo e provámo-lo sobretudo hoje. Estou ao nível, pois tenho noção das minhas capacidades, mas ainda vou ter muito para crescer. É nestes palcos que se cresce e é contra estas equipas que nos tornamos ainda melhores. Estamos ao nível e acredito que, daqui para a frente, o nível seja ainda maior.

[saída a meio da segunda parte] Não me cabe responder. Foi a decisão do treinador. É frustrante sair e não jogar. Não estar dentro de campo é angustiante, mas, confiávamos umas nas outras e saí para entrar a [Andreia] Jacinto, que é igual ou melhor do que eu.

Para mim, foi o primeiro dia do resto da minha vida, como diz a música. Este Mundial não foi o meu Mundial. Este Mundial foi especialmente para as jogadoras que já cá andam há muito tempo a trabalhar para isto. Eu fui uma corda que ajudou, tal como as mais novas, mas, se eu e se Deus quiser, terei mais Mundiais pela frente. É manter-me neste registo.

Isto vai andar rápido e temos um futuro brilhante pela frente. A Federação [Portuguesa de Futebol] tem realizado um trabalho incrível com as associações e os clubes também por causa daquilo que fazemos. Demonstrámos que é possível. A partir deste momento, esta bola de neve à volta do futebol feminino começa a andar. Há mais investimento e há mais aposta, meninas e talento. Daqui a uns anos, se calhar o resultado pode vir a ser outro”.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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