"Aprecio o facto de o Benfica estar ileso, porque o clube não gosta destas panelinhas"

"Não estou a ver ninguém no Benfica a pagar para jogar menos", observa ex-dirigente das águias.

O Tribunal de Matosinhos pronunciou-se recentemente sobre um caso que envolve aliciamento a jogadores do Rio Ave, especificamente Cássio, Lionn e Marcelo, durante confrontos com o Benfica em 2016.

O processo, que visava investigar alegadas tentativas de manipulação de resultados em jogos entre o emblema de Vila do Conde e os encarnados, revelou-se um território complexo e controverso.

Conhecida a sentença, Boaventura foi então considerado culpado de ações ilícitas que procuravam influenciar o desempenho dos futebolistas do Rio Ave em benefício do Benfica.

A sentença proferida pelo Tribunal de Matosinhos focou-se na responsabilidade de César Boaventura nos atos de corrupção ativa que visavam jogadores vilacondenses. No entanto, a notável ausência do Benfica como arguido neste processo tem sido objeto de discussão e especulação.

"Aprecio o facto de o Benfica estar ileso"

José Manuel Capristano, ex-vice-presidente do Benfica, expressou esta quinta feira a sua perplexidade face à ideia de envolvimento direto do clube da Luz no esquema de corrupção levado a cabo por Boaventura, empresário que, ao que se sabe, tinha uma relação direta com Luís Filipe Vieira, antigo presidente dos encarnados.

"Não consigo imaginar alguém do Benfica a pagar para ter um desempenho inferior, sofrer golos ou conceder penáltis", afirmou Capristano ao Record, citado pelo jornal 'Bancada.pt', salientando a sua satisfação por ver o nome do Benfica distanciado do caso.

"Aprecio o facto de o Benfica estar ileso, porque o clube não gosta destas panelinhas", acrescentou ainda o antigo dirigente das águias.

O Benfica não foi levado a julgamento devido à convicção dos magistrados de que Boaventura agiu por iniciativa própria e não em nome do clube da Luz. No entanto, o empresário descontente com a decisão do tribunal anunciou a intenção de recorrer da sentença.

"Há uma coisa indiscutível, as três testemunhas que vieram prestar depoimento fizeram-no de forma contraditória. A questão que se pode colocar é se essas contradições são, ou não, suficientes para por em causa a credibilidade desses depoimentos", começou por dizer Carlos Melo Alves.

"O Tribunal teve fé no depoimento dessas pessoas, vamos ver se um tribunal superior também continua a ter essa fé", rematou o representante legal de Boaventura.

A condenação de César Boaventura reacendeu o debate sobre a corrupção no futebol português. Enquanto alguns veem na sentença uma vitória contra práticas nefastas, outros questionam a eficácia das medidas antifraude no futebol nacional.

Fernando Mendes, ex-jogador de futebol, provocou a discussão ao sugerir que Boaventura merece uma 'estátua no Estádio da Luz ao lado de Eusébio', enfatizando o "amor tremendo a um clube".