No desenrolar de um caso que abalou o futebol português, César Boaventura, antigo empresário, foi condenado a 3 anos e 4 meses de pena suspensa por corrupção ativa.
"O Benfica nunca tem nada que ver com nada", ironiza ex-jogador português.
O Tribunal de Matosinhos considerou esta quarta feira provados três crimes de aliciamento a jogadores do Rio Ave - Cássio, Lionn e Marcelo - para facilitarem nos jogos frente ao Benfica.
Recorde-se que a investigação centrava-se em alegadas tentativas de manipulação de resultados em jogos entre os vila-condenses e os encarnados, na temporada de 2015/16.
César Boaventura, que negou as acusações, foi considerado culpado de corrupção ativa, mas absolvido do crime de corrupção na forma tentada, no caso do antigo guarda-redes do Marítimo, Salin.
De salientar que, apesar da condenação de Boaventura, o Ministério Público não encontrou fundamentos para envolver a SAD do Benfica no processo.
A decisão do tribunal levantou questões sobre o papel do Benfica neste episódio e a eficácia das medidas disciplinares no combate à corrupção no desporto.
Rui Pereira, ex-ministro da Administração Interna e ex-presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Benfica, afirmou que o clube nada tinha a ver com o caso, sublinhando que o Ministério Público agiu conforme necessário.
A condenação de Boaventura trouxe à tona uma sugestão inusitada do antigo jogador português Fernando Mendes, que propôs a instalação de uma estátua do empresário no Estádio da Luz, ao lado da de Eusébio da Silva Ferreira.
"Quando uma pessoa se sacrifica desta maneira em prol de um clube e por amor a um clube, acho que merecia uma estátua no Estádio da Luz ao lado da do Eusébio", começou por dizer Mendes, em declarações ao jornal 'Record', citado pelo jornal 'Bancada.pt'.
Para o agora comentador, o "amor tremendo" de Boaventura ao clube encarnado justificaria tal reconhecimento, apesar das ações ilícitas pelas quais foi condenado.
"É um amor tremendo a um clube, é raro isso acontecer. É muito estranho. Devia ser condecorado", destacou Fernando Mendes.
O antigo internacional português não deixou escapar a oportunidade para relembrar, que já em casos semelhantes, como no caso dos Vouchers, o Benfica também escapou à justiça portuguesa.
"O Benfica nunca tem nada que ver com nada, já o Paulo Gonçalves não tinha nada que ver com o Benfica", rematou Fernando Mendes.
A sentença do tribunal destacou ainda que Boaventura agiu livre e conscientemente, procurando vantagens ilegítimas para distorcer o resultado do jogo entre Rio Ave e Benfica, com o objetivo de garantir a liderança dos encarnados no campeonato.
"O arguido agiu livre e conscientemente sabendo que prometia vantagens ilegítimas com o objetivo de falsear o jogo entre Rio Ave e Benfica, com vista a que o Benfica fosse primeiro classificado ao fim das 34 jornadas", disse o juiz responsável pelo caso.