"Obviamente que há jogadores sempre muito mais insatisfeitos que outros"

"Os jogadores têm a noção que o líder máximo é o treinador", afirma Marco Caneira.

Desde a conquista do título nacional até às críticas persistentes ao desempenho da equipa, o ambiente na Luz tem sido alvo de análise intensa, à medida que o clube enfrenta uma luta acirrada pelo título de campeão português e pela progressão nas competições europeias.

O cenário vivido nas bancadas do Estádio da Luz reflete a dualidade de sentimentos dos adeptos benfiquistas. Se por um lado se celebram os triunfos e se manifesta o apoio incondicional à equipa, por outro lado surgem vozes de descontentamento e protesto, especialmente direcionadas ao treinador Roger Schmidt.

O descontentamento dos adeptos atingiu o seu auge quando, em várias ocasiões, foram observados gestos de contestação durante os jogos, como assobios, lançamento de objetos para o relvado e tarjas pedindo a demissão do técnico germânico.

A gestão do plantel por parte de Schmidt também tem sido alvo de discussão, com muitos jogadores encarnados a expressarem publicamente o seu desagrado, como foi o caso recente de Kökcü, com as escolhas táticas e a instabilidade nas posições em que são utilizados.

"Há jogadores que têm outro tipo de objetivos que depois não se concretizam por questões técnicas"

O programa "Jogo Aberto", transmitido pela SIC Notícias, trouxe à tona diversas polémicas que envolvem Roger Schmidt e os jogadores do Benfica desde o início da presente temporada.

Desde desentendimentos com David Neres e Di María até à recente polémica com Orkun Kökcü, as tensões entre o treinador alemão e o plantel têm sido evidentes.

No entanto, Marco Caneira, antigo jogador português e agora comentador desportivo, recusa afirmar que existe um padrão de comportamento na Luz, salientando que os jogadores reconhecem o papel de liderança do treinador.

"Não, eu penso que não há esse padrão, não existe esse padrão. Eu acho que os jogadores, e nós estávamos no ponto de Kokcu, os jogadores têm a noção que o líder máximo é o treinador", começou por afirmar o antigo jogador de Sporting e Benfica.

"É aquele que tem as suas escolhas, tem também o seu plano para este ou para aquele jogador, e obviamente que há jogadores sempre muito mais insatisfeitos que outros, há jogadores que têm outro tipo de objetivos que depois não se concretizam por questões técnicas, por decisões de, neste caso, os treinadores", sustentou Caneira.

A gestão de um plantel tão extenso, com diferentes personalidades e objetivos, é um verdadeiro desafio para qualquer treinador e, nas palavras do ex-defesa luso, cabe a Roger Schmidt e à sua equipa técnica encontrar o equilíbrio necessário para o sucesso da equipa.

"O que é difícil é isso mesmo. É um Benfica de Roger Schmidt, que tem um plantel muito extenso, e não é fácil lidar e liderar 24, 25, 26 personalidades", observou Marco Caneira.

"Eu acho que o Roger Schmidt e outros treinadores têm essa capacidade, ou têm que ter essa capacidade de perceber de que forma é que os jogadores estão", acrescentou o agora comentador.

"Há jogadores que são importantes no momento e que estão a dar o seu contributo, e outros que também são importantes, mas não estão a dar, não têm tantos minutos, e isso é a forma que os treinadores têm de sucesso", rematou o antigo jogador português.

Apesar das polémicas e das críticas, o Benfica tem conseguido alcançar alguns triunfos importantes ao longo da temporada. A passagem para os quartos de final da Liga Europa e a luta pela revalidação do título de campeão português são objetivos que continuam ao alcance das águias, apesar dos obstáculos encontrados pelo caminho.