António Violante tem 15 anos de experiência junto das camadas jovens do futebol português, mas desde janeiro que optou por assumir o comando da seleção nacional feminina, “vivendo” agora entre as mulheres.
''É mais uma aventura. É diferente, desta fez feito por raparigas, mas é interessante'', afirmou Violante à agência Lusa, pouco depois de finalizar mais um treino de preparação para o Mundialito, que decorre no Algarve.
O treinador de 53 anos, que pelo meio também teve uma passagem pelos escalões de formação do Kuwait, já tinha interinamente ocupado o cargo de líder das ''senhoras do futebol'' e agora regressou para fazer ''o melhor possível'' e com a promessa de entender melhor a ''sensibilidade feminina''.
''É possível construir um bom grupo e acontece com naturalidade e até com mais facilidade do que em relação aos homens, já que eu procuro entender melhor a sensibilidade feminina. Não quer dizer que a entenda totalmente, mas sempre lidei com mulheres, como qualquer um de nós'', explicou.
Conhecido por ser um treinador simpático e até algo brincalhão, Violante, que sucede no cargo a Mónica Jorge, que ''subiu'' até à direção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), considerou que existem ''diferenças substanciais'' nos métodos de treino, mas o tratamento das jogadoras é ''igual''.
''A capacidade física é diferente. Não podemos exigir que uma jogadora faça um passe para muito longe porque não há força para fazer isso. Claro que há exceções, mas a regra não é essa. Como também não posso pedir que joguem muito no espaço porque também não há muita gente veloz'', explicou.
''O jogo tem que ser construído e pensado de outra maneira, mas de resto é futebol'', acrescentou.
Mesmo rodeados de ''senhoras'', o técnico leiriense diz que não sente a necessidade de ser ''mais meigo'' nas suas intervenções nos jogos e nos treinos, até porque não é o seu estilo como técnico.
''Falo da mesma maneira, sejam rapazes ou raparigas. Não há necessidade de ser agressivo e nunca foi a minha maneira de falar e de treinar'', contou.
Para já, António Violante tem a missão de tentar colocar Portugal na fase final do Euro2013, algo que seria inédito, mas para isso terá que vencer os restantes três jogos dos Grupo 7 de qualificação, em que a equipa nacional ocupa o penúltimo lugar.
''Quero ajudar esta seleção a progredir e a avançar, como já tem vindo a acontecer antes'', frisou o selecionador.
Depois de quatro anos sob o comando de Mónica Jorge, a avançada Carla Couto, que já soma 138 jogos pela seleção, explicou à Lusa que as jogadoras estão habituadas a terem treinadores do sexo masculino.
''Nos nossos clubes, os treinadores também são homens, outras vezes mulheres. É indiferente, a única coisa que mudou com a entrada do nosso selecionador foi a nível de tática e nós só temos que nos adaptar a essa situação'', disse a avançada da Lazio de Itália.
Portugal defronta na sexta-feira a Hungria, na segunda jornada do Grupo C do Mundialito/AlgarveCup2012, depois de na estreia ter sido derrotado pelo País de Gales, por 1-0.
O encontro está agendado para as 15:30, no Estádio Municipal Bela Vista, no Parchal.