Rafa Benitez: O treinador de que ninguém gosta, mas com títulos no bolso

A carreira de Rafael Benitez foi feita em claro ascendente. Começou nas camadas jovens do Real Madrid, onde levou a equipa de sub-19 a vencer o campeonato (1993) e duas taças da categoria (1991/1993).

A partir desses pequenos sucessos, teve oportunidade de treinar equipas seniores, mas não se deu bem. Foi despedido do Valladolid depois de apenas duas vitórias em 23 partidas e resistiu nove jornadas no Osasuna. Muitos fizeram o seu funeral e enterraram-no nesse momento, mas a experiência no Extremadura mudou tudo. Em 1997, subiu o modesto clube espanhol à principal liga do país, aguentou um ano entre os grandes e desceu com ele novamente ao segundo escalão. Desde então, nunca mais esse emblema regressou ao convívio dos grandes.

Decidiu parar, estudou em Londres e em Itália, para assumir o comando do Tenerife no ano 2000. Mais uma vez, em terceiro lugar, conseguiu a promoção à La Liga.

Ao contrário do que fez no Extremadura, não continuou. Foi escolhido para substituir Héctor Cúper no Valência. O estrelato estava aí tão próximo. Com uma equipa de luxo, levou dois campeonatos (2002/2004) e uma Taça UEFA (2004). Foram anos em que Real Madrid e Barcelona não dominaram, anos do Valência e Deportivo da Corunha.

A partir daí, a chegada a Inglaterra. Rafael Benitez aterrou na Premier League numa altura crítica. O Arsenal tinha acabado de vencer o campeonato invicto, Mourinho começaria uma caminhada heróica em terras de Sua Majestade e Steven Gerrard estava a ser assediado pelo Chelsea. O bicampeonato dos blues não foi evitado, mas Benitez ganhou e foi herói noutras ocasiões.

Durante a sua passagem por Anfield Road, os reds ganharam como nunca o voltaram a fazer. Levaram uma Taça de Inglaterra (2006), uma Supertaça de Inglaterra (2006), uma Liga dos Campeões (2005, a quinta do Liverpool). Quem não se lembra? O super AC Milan vencia por 3-0 ao intervalo, mas uma mega segunda-parte dos ingleses chegou para empatar. Nos penaltis, a equipa da cidade dos Beatles venceu e saiu da cidade de Istambul com um dos mais emotivos 'You'll Never Walk Alone' de sempre. No mesmo ano, foi ainda acrescentada uma Supertaça Europeia ao currículo dos ingleses.

A partir daí, Rafael Benitez passou por um deserto de quatro temporadas, mas manteve o Liverpool competitivo e a lutar constantemente pela Premier League, sendo, muitas vezes, o grande adversário do Man Utd de Alex Ferguson. Ficou por conquistar o campeonato, oportunidade que terá agora no Chelsea.

O pior, aconteceu no comando do Inter de Milão. Rafa Benitez aceitou substituir José Mourinho na liderança de uma equipa que havia ganho tudo na época passada e não se deu bem. Conquistou apenas uma Supertaça de Itália (2010) e um Campeonato do Mundo de Clubes (2010), sendo despedido em dezembro do mesmo ano.

Agora o Chelsea. O espanhol chega a Stamford Bridge numa altura em que os blues estão em risco de ser o primeiro vencedor da Liga dos Campeões a não passar a fase de grupos e com um Chelsea-Man City à porta. Se falhar, Rafael Benitez dará mais um argumento àqueles que o consideram um treinador falhado, se triunfar, não terá feito mais do que a sua obrigação.

Rafael Benitez é, acima de tudo, um treinador corajoso. Será um exagero colá-lo a técnicos de topo como Alex Ferguson, José Mourinho, Pep Guardiola e Guus Hiddink. De qualquer forma, apresenta um currículo que faz inveja a muitos. Não é isso que dizem que conta?

Confira o currículo de Rafael Benitez:

Espanha:

Real Madrid sub-19:

- Campeonato de Espanha (1992/93);
- Taça de Espanha (1990/91; 1992/93);

Valência:

- Campeonato de Espanha (2001/02; 2003/04);
- Taça UEFA (2003/04);

Inglaterra:

- Taça de Inglaterra (2005/06);
- Supertaça de Inglaterra (2006);
- Liga dos Campeões (2004/05);
- Supertaça Europeia (2005);

Itália:

- Supertaça de Itália (2010);
- Campeonato do Mundo de Clubes (2010).