Com o fim do ano civil, chega Janeiro e com ele a necessidade das equipas preencherem lacunas nos seus plantéis. Por defeito de planificação, carências físicas dos seus atletas ou mero capricho, todos os clubes olham para o mercado de inverno com o intuito de reestruturar o plantel da forma mais eficiente possível. Jogou-se pouco, treinou-se de mais. Mas o suficiente para percecionar quais as virtudes e insuficiências de cada formação da Liga Zon Sagres. Deixo-vos aqui um misto de impressões e ilações a tirar da primeira metade da temporada em curso, assim como as soluções apresentadas.
Benfica: Com as perdas de Javi Garcia e Witsel, o Benfica parecia desnorteado em inícios de Setembro. Mas, com um Matic a valer pelos dois, além de um ataque versátil e concretizador, a equipa conseguiu juntar a isso uma defesa bem mais segura que em anos anteriores. A lateral-direita tem sido o ponto mais débil dos encarnados.
FC Porto: A melhor defesa do campeonato é altamente fiável no setor recuado, principalmente em competições nacionais. Defour é um jogador mais fraco que os restantes no miolo do terreno e não aparenta ser solução para substituir os titulares. O mesmo se aplica a Kléber em relação a Jackson Martinez.
Sp. Braga: Para esta nova forma de jogar dos minhotos faltam centrais velozes e extremos com maior capacidade de explosão. Alan é o espelho disso mesmo. E se Hélder Barbosa sair mesmo em janeiro, é aqui que os arsenalistas devem apostar. Mas para o objetivo Champions League, os atuais recursos chegam e sobram!
Marítimo: Com o pior ataque da Liga, não é difícil perceber que Babá ainda está por substituir devidamente. Sami e Danilo Dias também diminuíram o seu rendimento, face ao ano passado e, no meio campo, a turma de Pedro Martins ainda sente os efeitos da venda de Roberto Souza. Uma desilusão!
Sporting: A equipa de futebol é limitada, é certo, mas as principais carências residem no conhecimento nulo das figuras que gerem o clube. Eleger nova direção é o melhor que podia acontecer para o futuro dos leões.
Nacional da Madeira: Ao olhar para a classificação, é estranho encontrar os alvinegros em 12.º lugar. A qualidade individual dos seus jogadores é imensa, mas não existe um fio condutor na forma de jogar da equipa e, a juntar a isso, Mário Rondón, peça chave na última época, marcou apenas um golo até ao momento.
Académica de Coimbra: Poucas equipas na Liga Zon Sagres defendem pior que esta Académica. Principalmente depois de estar em vantagem. Pedro Emanuel ainda não conseguiu encontrar uma defesa fixa e os resultados estão à vista. Da linha mais recuada para a frente é tudo… menos mau.
Beira Mar: Pouco mais a ambicionar do que a permanência. Um conjunto muito dependente dos rasgos individuais dos seus criativos, quer seja Nildo, Serginho ou Balboa. Abel Camará é uma boa surpresa, em contraste com o sub-rendimento de Rui Rêgo esta época.
Paços de Ferreira: Paulo Fonseca é o protagonista do conto de fadas que a equipa vive no campeonato. Artur, Manuel José e André Leão formam um meio-campo fortíssimo e no ataque Cícero tem correspondido. A defesa é também de excelência e ficam apenas a faltar mais alternativas no banco.
Rio Ave: Com Tarantini em grande plano e Felipe Augusto a revelar-se uma ótima contratação, nem a saída de João Tomás deverá abalar as hostes. A contratação de Bebé não é obra do acaso e, neste momento, o importante é segurar os restantes jogadores nucleares da equipa.
Vitória de Guimarães: A qualidade técnica não abunda e parece que tudo é feito em esforço. Os jogadores que compõem a defesa são excessivamente jovens e têm comprometido por vezes. O ataque é pouco concretizador. O sétimo lugar é mesmo o melhor desta equipa.
Estoril-Praia: Boa surpresa! A defesa é regular e no ataque a equipa conta com a inspiração de Licá e o instinto goleador de Luis Leal. Faltam soluções ao nível dos médios, até pela fraca prestação de jogadores como Hugo Leal e João Coimbra, de quem muito se esperava.
Olhanense: Fernando Alexandre é essencial no centro do terreno, Jander o complemento ideal. Babanco revelou-se um ótimo reforço e Abdi faz os golos que a equipa precisa. Sérgio Conceição não tem muito por onde inventar, tantas são as lacunas.
Gil Vicente: A equipa constrói-se desde a retaguarda e nos gilistas, o guardião Adriano e o defesa Cláudio são preponderantes. Pio organiza a partir do meio. O resto é inconstância. Falta um avançado com o instinto goleador que Yero e Luiz Carlos não possuem. Um retrocesso em relação ao ano passado.
Vitória de Setúbal: Uma equipa generosa, mas com pouco para oferecer. Muito Meyong, Bruno Amaro e Ney (fundamentais), e alguns jovens portugueses com vontade de singrar, como Pedro Santos e Miguel Lourenço.
Moreirense: Ghilas é, de longe, o mais esclarecido. Filipe Gonçalves e Fábio Espinho sobressaem no centro do meio-campo. Lá atrás, Ricardo Ribeiro bem tenta, mas não disfarça os muitos problemas existentes. Reforços precisam-se!