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Bloco de Notas: Só é bom treinador quem foi jogador federado?

Esta semana fui alertado para as Normas de Licenciamento de Cursos de Treinadores em vigor e aceites pela Federação Portuguesa de Futebol. Segundo a última atualização, um candidato não é aceite como ‘aspirante a treinador’, «caso não tenha sido praticante de futebol e participado, no mínimo, em 36 jogos, a partir do nível etário correspondente ao escalão Sub-13, inclusive». Faz sentido?

Bloco de Notas: Só é bom treinador quem foi jogador federado?

Não pretendo com este texto criticar os regulamentos de acesso ao Curso de Treinadores de Futebol UEFA “C” / Grau I. A minha intenção é alertar potenciais candidatos acerca deste facto e abrir um tópico que poderá gerar uma discussão muito proveitosa: para se ser um treinador de elite, é preciso ter sido jogador de futebol federado?

Quem defende que sim, dirá que não faz qualquer sentido ambicionar, um dia, orientar jogadores profissionais, sem pelo menos ter conhecido o ‘outro lado’ da barricada. O lado dos treinos, das conversas de balneário, das celebrações e desilusões. De facto, poderá ser complicado entender todos os processos inerentes à gestão de uma complexa organização desportiva e dos seus recursos humanos sem nunca o ter sentido na pele.

Contudo, também não são raros os casos de grandes jogadores que nunca conseguiram ser treinadores de futebol de topo. Foram federados, é certo, mas terá sido isso fundamental? Atualmente, o futebol exige mais credenciais do que nunca aos seus intervenientes, principalmente aos treinadores, que deverão saber assumir o papel de ‘managers’, relações públicas e até psicólogos.

Técnicos como José Mourinho e André Villas-Boas nunca conseguiram singrar como jogadores profissionais – pelo menos o segundo, nem sequer teve algum dia essa ambição -, mas nada os impede de fazerem parte da ‘nata’ dos treinadores portugueses. Jorge Jesus e Manuel Machado jamais tiveram uma carreira relevante. Por outro lado, nomes como António Oliveira, Toni, Domingos Paciência, Jaime Pacheco e Humberto Coelho são exemplos de treinadores que singraram como futebolistas internacionais e conseguiram dar sequência às suas carreiras na vertente de treinadores.

Nos dias de hoje, parece claro que não será necessário ter sido jogador federado ou profissional para se ter sucesso como treinador de futebol. Pode ajudar, claro. Mas não será uma obrigatoriedade. Um treinador moderno tem que ser muito mais um gestor de emoções, expetativas e pessoas do que um craque tático, uma figura consagrada ou um animal de campo. O treinador ideal será tudo isso. Mas alguém o é?

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