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Reputação: O super-ego de Jorge Jesus

Jorge Jesus é definitivamente um treinador diferente, para o bem e para o mal. Não há volta a dar, quer se goste ou não, Jesus não deixa ninguém indiferente. Muitos dizem que a comunicação é o ponto fraco do treinador do Benfica. Uma meia verdade. Uma coisa é certa, sempre que Jesus fala existe animação nos adeptos e interesse por parte da comunicação social. Afinal, futebol é isto.

Reputação: O super-ego de Jorge Jesus

O treinador do Benfica deu uma conferência em Luanda esta semana e de lá saíram umas verdadeiras pérolas do ponto de vista da comunicação. Questionado sobre quem era o melhor treinador português, se ele ou José Mourinho, Jesus não se fez rogado e entre sorrisos respondeu: «O melhor é o JJ. Mourinho tem a felicidade de treinar equipas que proporcionam a vitória na Champions com jogadores já feitos. Eu tenho a felicidade de transformar jogadores com potencial em melhores do mundo».

Como costuma dizer o povo: para bom entendedor meia palavra basta. Jesus não tem medo de afirmar que é melhor do que José Mourinho. Não me cabe a mim julgar se isto é verdade ou não. Analisando o aspeto comunicacional, afirmações como esta podem ser benéficas, mas também prejudiciais.

No primeiro ano em que foi campeão no comando Benfica, Jesus desdobrou-se em entrevistas no final da época para analisar o sucesso dos encarnados. Na altura, muitas das entrevistas dadas por Jorge Jesus centravam-se no seu trabalho e na forma competente como tinha conseguido fazer do Benfica campeão.

As épocas que se seguiram, infelizmente, não comprovaram esta competência, já que o Benfica ficou sempre atrás do seu principal rival, o Futebol Clube do Porto. Algumas notícias davam eco, na época, de algum mau estar no balneário encarnado por Jesus nunca ter dado o devido mérito aos jogadores pela boa época realizada. É verdade que o treinador português pareceu ter perdido o balneário e nos dois anos seguintes foram algumas as polémicas entre ele e alguns jogadores (a mais célebre foi com Oscar Cardozo).

Nunca se saberá se foi de facto isto que se passou (pessoalmente até acho muito redutor), mas uma coisa é certa no mundo do futebol: os egos dos jogadores são enormes e é preciso ter alguma cautela quando se lida com eles. No final desta época, vimos um Jesus mais contido e mais frio nas suas análises e tal se deveu, muito provavelmente, à desilusão das épocas anteriores. Desde então, vemos de novo um super-ego em Jorge Jesus, ou seja, se as coisas correram bem este ano é graças a ele. É, muito provavelmente, verdade. No entanto, os jogadores gostam de estar envolvidos na hora da vitória, alguns querem mesmo ser os principais rostos das conquistas. Com Jesus, tal facto parece difícil e pode custar caro num futuro próximo.

Jorge Jesus é dos melhores treinadores da Europa, é um técnico que não deixa ninguém indiferente nas conferências de imprensa (mais uma vez para o bem e para o mal), é um grande trabalhador, nada disso é questionável. No entanto, nenhum técnico consegue resultados positivos se não tiver os jogadores do seu lado. O passado já o provou e Jesus deveria lembrar-se desta lição. Entretanto, vamo-nos deliciando com as pérolas de Jorge Jesus.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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