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FC Porto: O minimercado do Sr. Francisco

Artigo de opinião de Gil Nunes.

FC Porto: O minimercado do Sr. Francisco
FC Porto

O voo turbulento do FC Porto regista alguns períodos de bonomia. De tranquilidade. Para apreciar o sol. E de afirmação: no caso de Francisco Conceição, a presente temporada representou um passo em frente: sempre se lhe reconheceu talento. A rodos. Faltava era a consistência necessária para se juntar à carruagem dos grandes e não se perder no universo dos epifenómenos. Por aí.

Um dos primeiros exemplos foi dado na seleção de sub-21. Fase final do europeu. Uma excelente exibição diante da Inglaterra – sacou dois amarelos decisivos – e a clara demonstração de uma nova característica lapidada no laboratório do Olival: a propensão para a rápida transição defensiva, agressiva, destinada a equilibrar a equipa no momento da perda da bola.

E por uma questão de justiça. Se tanto talento individual (desequilíbrio) pode e deve ser rentabilizado em termos de algum justificável egoísmo coletivamente tolerável, existe a necessária compensação: vir atrás e recuperar rapidamente para tudo se recompor e os contrários não se agigantarem, pois drible infrutífero pode significar uma situação de superioridade numérica por parte do adversário. No fundo um contrato invisível: máxima liberdade equivalente a máxima responsabilidade.

E um contrato assinado por Francisco e ratificado por todos os demais. Ou seja, a constatação de que as dinâmicas coletivas têm de ser providenciadas no sentido de se dar espaço para que Francisco faça das suas. Ou então que falhe num território controlado por uma transição defensiva devidamente maturada. Assim se exige. Em prol da eliminação do caos.

Porque o belo da criatividade reside também no domínio do inexplicável: se nuns dias as coisas saem melhor, noutros nem por isso. À parte isso, tenho em mim toda a consistência do mundo. Para garantir, mesmo nos períodos mais nebulosos, a obrigatória produtividade coletiva. E, ainda por cima, com atitude. E juventude.

Se o aplauso ao árbitro na Amoreira aquando da expulsão podia ter sido evitado – ou controlado pela contenção emocional trazida pelos ventos da maturidade – há também a plena atitude de positiva insatisfação que beneficia tudo e todos. Ou, trocado por miúdos, o semblante carregado depois de ter provocado o golo do empate diante do Famalicão. Porque ninguém do FC Porto – em face do contexto e do próprio ADN do clube – fica propriamente satisfeito numa situação destas e, também, ninguém fica sorridente quando aponta o golo do empate. Os dragões pedem mais.

E, neste momento, quem não tem cão para caçar (liga) tem mesmo de caçar com gato ou com o que houver à mão. Porque há dois objetivos em cima da mesa: garantir o tal 3º lugar e o seu mal menor; e assegurar a conquista da Taça de Portugal. Bem como serenar os ânimos e estancar uma possível hecatombe (eliminação diante do Vitória) que significaria, isso sim, um claro revés nas expectativas de uma equipa tremendamente jovem e com margem significativa para evoluir.

Por isso, o jogo frente ao Vitória teve, mais do que um cariz tático nesta altura da temporada sobejamente conhecido de parte a parte, uma assumida vertente emocional. E há males que vêm por bem: mais do que dar um pontapé na crise, a vantagem inicial obtida pelos vitorianos colocou a fasquia ainda mais alta: no fundo, a resposta seria até mais forte caso o FC Porto conseguisse recuperar quer de um contexto desfavorável de um ponto em três jornadas e, também, de uma desvantagem abrupta colada a esse mesmo contexto.

E, para se recuperar de um contexto ou resolver alguma coisa, há que fazer seja o que for. Fazer. Podemos argumentar que Sérgio podia ter visado outros em vez dos quatro em questão – Franco, Toni Martinez, Jorge Sanches ou Ivan Jaime – mas há um mérito que tem de ser imputado ao técnico: bem ou mal decide. Bem ou mal faz algo. Dá a pedrada no charco da apatia. Que o “homem” não é propriamente resignado, lá isso não é. Ponto.

A partir daí viaja-se na dita especulação com razão de ser. Que nunca terá resposta. Ou seja, nunca se saberá ao certo se o afastamento dos quatro jogadores foi a causa próxima de um rendimento superior frente ao Vitória. Ou, pura e simplesmente, se foi o facto de se ter mexido no equipamento que ele passou a funcionar como deve ser. Evitado curto-circuito.

Se tem a ver com o ato eleitoral? Também nunca se saberá. Uma coisa é certa: quanto mais depressa se realizarem as eleições, tanto melhor. Por um lado ou por outro, certo é que o clima pré-eleitoral não tem trazido propriamente benefícios. Neste caso, que se eliminem as pedras e que rapidamente regresse o charco. E uma plataforma de tranquilidade que é representativa de títulos.

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