loading

Portugal Sub-21: Nove vitórias contra ideias feitas

Após a desastrosa campanha da seleção no Mundial 2014, os diversificados ecrãs que ocupam o nosso quotidiano encheram-se de críticas e conclusões. Como sempre acontece, algumas foram absolutamente justas, outras não foram menos do que apocalípticas. Uma das previsões mais propagadas desta última categoria foi a do alegado fim do talento, com o consequente início de uma 'travessia no deserto'.

Portugal Sub-21: Nove vitórias contra ideias feitas

De repente, Portugal passaria de suposta equipa de topo – mesmo que de uma segunda linha da elite europeia – para uma formação banal. 'Não há mais Cristianos Ronaldos', foi um dos argumentos que mais vezes escutei. E, de cada vez que os ouvi, não consegui deixar de ter um outro pensamento, fortemente contestatário desta lógica. Até podemos não voltar a ter um dos melhores jogadores do mundo a breve trecho, até podemos já não conseguir ombrear regularmente com os gigantes, mas ainda temos qualidade para sermos uns dignos representantes da classe média do futebol europeu.

No fundo, o problema é de exageros. Tal como não éramos candidatos à conquista do Mundial brasileiro, hoje não somos uma formação menor no contexto europeu (a primeira ideia, em boa verdade, não deve ter passado pela cabeça de muita gente, a não ser na daqueles que, na hora de arranjar desculpas para os nossos insucessos num grupo perfeitamente acessível, preferiram mudar o foco para um suposto desfasamento de expetativas).

Por que razão havemos de nos considerar inferiores a seleções como a Dinamarca, a Suécia ou a Rússia, dignos representantes do classe média europeia? Podemos não estar ao nível da Alemanha, mas continuamos a ter a obrigação de sermos competitivos. Podemos ter apenas um Cristiano Ronaldo, mas continuamos a ter a obrigação de apresentar um coletivo forte, com um modelo de jogo bem pensado e satisfatoriamente transferido para o campo. Ora, é isto mesmo que temos na atual seleção de Sub-21.

O caminho dos comandados de Rui Jorge para o Europeu da República Checa tem sido absolutamente memorável. Portugal foi a única formação a ter um pleno de vitórias (oito) na fase de grupos. E a primeira-mão do play-off frente à Holanda, em plenos Países Baixos, foi uma clara demonstração de força.

O triunfo por 2-0, que pecou por escasso, em terras da seleção laranja, mostra o que um bom coletivo pode fazer, mesmo quando defronta um conjunto de (outros) bons jogadores. Vinte e quatro golos marcados em nove jogos e apenas seis sofridos. Estes são os números da suposta geração que iria atravessar um deserto penoso. O apuramento ainda não está garantido, mas as boas exibições já ninguém as apaga.

Este bom momento das seleções jovens não existe de forma isolada. Desde o memorável Mundial Sub-20, na Colômbia, que as seleções jovens portuguesas têm conhecido bons desempenhos de forma regular, mostrando-se competitivas frente aos melhores (sendo certo que, por vezes, falta uma linha de continuidade e de equilíbrio, à qual já me referi em textos anteriores).

Só a continuação destas façanhas, mesmo que surjam contra uma cultura de depreciação do jogador jovem português (aquele que ainda é visto como não preparado aos 21 anos, ao contrário dos seus colegas com passaporte diferente), pode ajudar à mudança de mentalidades e à construção de uma reputação a condizer. Isto e um trabalho de fundo da Federação Portuguesa de Futebol na defesa e promoção dos seus atletas. Haja coragem para isso, claro.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

Confira aqui tudo sobre a competição.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Até onde chega Portugal no Europeu 2024?