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FC Porto: O prejuízo da falta de mística na equipa de Lopetegui

A época 2013-14 correu muito mal ao FC Porto. Dois treinadores (Paulo Fonseca e Luís Castro), apenas um troféu (Supertaça de Portugal) e domínio total do seu principal rival, o Benfica, que conseguiu um fantástico triplete (Campeonato Português, Taça de Portugal e Taça da Liga). Pinto da Costa achou que era hora de mudar e não foi por meias medidas.

FC Porto: O prejuízo da falta de mística na equipa de Lopetegui

Apostou num treinador espanhol, Julen Lopetegui, até então completamente desconhecido em Portugal, e decidiu investir em força na contratação de novos jogadores. A chegada de Lopetegui (agenciado por Jorge Mendes) e a aproximação ao mercado espanhol deram um poder de compra ao FC Porto muito pouco usual nas equipas lusas, que permitiram atrair talentos como Casemiro, Oliver Torres, Brahimi e Tello.

O início de época foi entusiasmante. Bem-falante e seguro de si, Julen Lopetegui conseguiu criar uma imagem altamente reputada em torno da sua pessoa. Desde a torre de observação nos treinos à escola espanhola do 'tiki-taka', o antigo guarda-redes do Barcelona ganhou uma boa imprensa de imediato.

Com um jogo claramente centrado na posse de bola, o FC Porto conseguiu atrair os seus adeptos e recuperar uma aura que havia sido perdida desde a saída de André Villas-Boas e que nem o bicampeonato do competente Vítor Pereira foi capaz de igualar. As boas exibições na Champions League e o apuramento para os oitavos-de-final no primeiro lugar do seu grupo vão atenuando os seis pontos de atraso para o Benfica na Primeira Liga.

Mas, aconteça o que acontecer nesta época, uma coisa está longe de ser alcançada: a mística de outros tempos. Jorge Costa, em entrevista ao jornal Correio da Manhã, alerta este sábado para a incapacidade deste plantel do FC Porto em «ganhar jogos pela raça e pela mística», tocando num ponto essencial: «Ricardo Quaresma é a última grande referência do clube».

No meio do desaguisado que aconteceu entre Lopetegui e Quaresma no início da época, há que dar mérito ao treinador espanhol, que, mesmo tendo entrado num novo clube e numa nova cultura, percebeu que lhe poderia sair demasiado cara uma quebra de relações com o extremo azul e branco, que chegou mesmo a partilhar o balneário com o antigo capitão Jorge Costa. Não é por acaso que os adeptos portistas se mobilizam sempre que o 'Mustang' entra em campo e é inegável a influência que o homem da 'trivela' consegue no crescimento de jogo da equipa assim que sai do banco de suplentes.

Numa extensa entrevista, o atual selecionador do Gabão, que liderará a nação africana na Taça das Nações Africanas, em janeiro, sintetiza de forma muito simples aquele que, na sua opinião, se trata do maior défice deste renovado FC Porto. «O que falta claramente são jogadores 'à FC Porto', formados no clube. É preciso conhecer e sentir mais o clube», declarou.

E, mesmo que as coisas de endireitem nos próximos tempos, Jorge Costa já prevê um outro momento muito complicado para a nação azul e branca. «A sucessão de Pinto da Costa será muito complicada», avisa, esperando grandes dificuldades para encontrar alguém que não se intimide perante a sombra do «melhor presidente de todos os tempos».

Numa altura em que Luís Filipe Vieira já avisou Jorge Jesus que se quiser continuar no comando do Benfica terá que aceitar apostar na formação do clube, Pinto da Costa deveria começar a preocupar-se com a mesma situação antes de pensar na sua retirada definitiva da presidência do FC Porto.

Ruben Neves é um exemplo isolado, mas é um bom exemplo e prova que os escalões jovens dos dragões produzem bons valores. Só é preciso acreditar e apostar, tal como Lopetegui está a fazer com o jovem médio de 17 anos.

Aliás, a aposta em Julen Lopetegui pode também significar uma maior abertura de Pinto da Costa para investir na formação, já que o atual treinador do FC Porto possui uma larga experiência como selecionador das reputadas camadas jovens da seleção de Espanha. Só assim poderá regressar a mística que viveu nos corações de jogadores como Jorge Costa, João Pinto, Paulinho Santos, Aloísio, Jaime Magalhães, Domingos Paciência, Fernando Gomes e muitos outros.

Eles sabem do que falam, eles sentem quando falam...

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