A Federação de Futebol da Sérvia lamentou hoje a decisão “política” do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) que terça-feira rejeitar o seu recurso contra a admissão do Kosovo como membro da UEFA.
“Se o TAS tivesse observado a verdade e o direito, sem conotações políticas, não teria acontecido essa nova violência sobre o desporto e o futebol”, acusam os sérvios.
Na terça-feira, o Tribunal Arbitral do Desporto validou a decisão da UEFA de admitir o Kosovo como membro, medida contestada pela Sérvia que lutou contra a resolução do congresso de 03 de maio de 2016 em Budapeste, quando a Federação de Futebol do Kosovo foi admitida como o 55.º filiado.
“Estamos dececionados pela decisão que nada tem que ver com a verdade ou o futebol, mas apenas com a política”, acrescenta a federação sérvia.
No seu recurso ao TAS, os sérvios alegaram que a UEFA violou as suas próprias regras, ao admitir a federação do Kosovo como membro, pelo que entendia que o seu contrato de adesão deveria ser declarado nulo e vazio.
O painel do TAS responsável por este assunto observou que a federação sérvia tinha legitimidade para o apelo, considerando que os estatutos da UEFA são ambíguos e que exigem esclarecimento.
Estes dizem que a integração na UEFA está aberta às associações de futebol situadas no continente europeu, com sede em país reconhecido pelas Nações Unidas como um estado independente.
Considerando que a ONU não faz reconhecimento de países, o painel do TAS interpretou outro artigo dos estatutos da UEFA que diz que o território deve ser reconhecido pela maioria dos membros da ONU como um “estado independente”.
O TAS constatou que este pré-requisito foi cumprido no que diz respeito à Federação de Futebol do Kosovo e que essa conclusão estava em linha com a vontade expressa pela maioria das federações membros no congresso da UEFA para aceitar este novo membro da UEFA.
Face a isso, o recurso dos sérvios foi indeferido e assim validada a admissão do Kosovo à UEFA.
O Kosovo, de maioria étnica albanesa, declarou a sua independência de forma unilateral da Sérvia em 2008 e já foi reconhecido como um país independente por cerca de metade dos países membros da ONU, entre os quais Portugal, Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra e Japão.
A própria Sérvia, juntamente com Rússia, China, Espanha, Brasil, Angola e Moçambique, não reconhece o Kosovo como país e sim como uma província separatista da Sérvia.