O Paços de Ferreira garantiu a permanência na I Liga de futebol a quatro jornadas do fim, mas sem ir além da segunda metade da classificação e após percurso árduo, que reflete uma época de altos e baixos.
A temporada começou com promessas de nota artística, mas os resultados e as sofríveis exibições não convenceram ninguém e a direção resistiu até à 12.ª jornada, acabando por substituir o técnico principal, Carlos Pinto, por um dos seus adjuntos, Vasco Seabra, ambos debutantes no principal campeonato.
Seabra soube conquistar o grupo com os seus métodos e também teve a felicidade de ter assumido a equipa a poucos dias da reabertura do mercado. O plantel, excessivamente extenso (29 elementos), muito marcado por lesões e demasiado desequilibrado (quatro guarda-redes, excesso de ‘criativos' e défice de avançados e médios defensivos), ganhou com os reajustes.
O central Gégé, o médio Filipe Melo e o extremo Medeiros, especialmente os dois primeiros, ofereceram experiência, equilibraram os setores e a própria equipa, até aí demasiado dependente da disponibilidade do médio Pedrinho e dos ‘humores' do avançado Welthon, dois estreantes que marcaram pela positiva grande parte da época.
O avançado brasileiro foi mesmo a principal revelação, com 11 golos anotados só no campeonato e exibições que fizeram despertar o interesse de vários emblemas, incluindo o Sporting, seguindo-se, noutro plano, Vasco Rocha, ‘redescoberto' em janeiro por Vasco Seabra para uma posição mais central do meio campo.
Com todas estas alterações, o Paços, que revelava grande permeabilidade defensiva, começou a defender melhor, mantendo o registo de uma equipa que fazia da sua casa uma ‘fortaleza': 26 dos 36 pontos conquistados foram obtidos como visitado, enquanto fora conseguiu duas vitórias e quatro empates, batendo somente os registos do despromovido Nacional e do Tondela.
A Capital do Móvel funcionou mesmo como uma ‘caixa-forte' para o Paços, que, na receção aos sete melhores da I Liga, impôs empates sem golos ao tetracampeão Benfica, ao FC Porto e ao Marítimo, a fechar, venceu Vitória de Guimarães (2-0) e Sporting de Braga (2-1) e apenas foi derrotado pelo Sporting (0-1).
Num percurso em crescendo, o Paços de Ferreira teve na passagem para o último terço da prova a sua melhor fase, com 15 pontos em 10 jogos, embora a melhor sequência pontual (oito) tenha sido obtida entre a 28.ª e a 31.ª jornada, disputada no Restelo, diante do Belenenses, e cuja vitória, por 2-1, confirmou a permanência.