O líder da bancada do CNRT, segundo partido timorense, considerou hoje que o voto do partido KHUNTO a favor da renovação do estado de emergência significa a morte da nova aliança parlamentar de que os partidos faziam parte.
“Sim parece que já morreu a aliança. Foi, portanto, uma decisão indireta da parte do KHUNTO [Kmanek Haburas Unidade Nasional Timor Oan] em cortar com a nova aliança”, disse à Lusa Duarte Nunes, líder da bancada do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão.
“Houve instruções diferentes dadas ao KHUNTO. E a mensagem clara foi esta”, considerou.
Duarte Nunes falava à Lusa depois do parlamento nacional aprovar hoje o prolongamento do estado de emergência por 30 dias como resposta à covid-19, com 37 votos a favor, 23 votos contra e quatro abstenções.
A autorização foi aprovada com os votos favoráveis da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), do Partido Libertação Popular (PLP) e do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).
O Partido Democrático (PD) dividiu-se, com o líder do partido, Mariano Sabino a votar a favor e os restantes três deputados (um estava ausente) a absterem-se, enquanto o único deputado do Partido de Unidade Desenvolvimento Democrático (PUDD) absteve-se.
A votação mostrou uma fratura na nova maioria de aliança parlamentar, com o KHUNTO, PD e PUDD a adotarem uma postura diferente do CNRT que ficou apenas com a deputada da Frente Mudança e o deputado da União Democrática Timorense (UDT) no bloco do não.
Recorde-se que o CNRT, KHUNTO, PD, PUDD, UDT e FM acordaram uma nova aliança de maioria parlamentar que se mostrou agora dividida na apreciação da autorização.
Antonio Conceição, deputado do Partido Democrático (PD) e que tem sido porta-voz da aliança, disse hoje à Lusa que os partidos da aliança tinham acordado no sábado votar hoje contra a extensão do estado de emergência devido à covid-19, mas que o líder do KHUNTO, José Naimori, deu depois instruções contrárias aos seus deputados.
Duarte Nunes disse que a votação de hoje foi “um último teste” à posição do KHUNTO no quadro da aliança, afirmando que “depois de eles votarem a favor, poderemos ter novas nomeações dentro em breve para o Governo”.
Escusando-se a especular sobre o que motivou a reviravolta do KHUNTO – a Lusa tentou sem sucesso ouvir dirigentes do partido – Nunes disse que agora os membros do CNRT que ainda estão no Governo terão de decidir “se querem demitir-se ou se serão exonerados” no âmbito dessa possível remodelação.
“Os nossos ministros já sabem da situação e têm de pedir a resignação ou então são exonerados”, afirmou.
A situação é o capítulo mais recente numa sucessão de trocas de alianças entre os partidos políticos timorenses que, em parte, tem sido responsável pelo impasse político que o país vive desde 2017.
Duarte Nunes teceu críticas à ação do Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, neste processo, considerando que o chefe de Estado “usou da sua autoridade para decidir o que interessa à Fretilin, e o interessa ao PLP”.
“Isso é o que vemos”, afirmou.