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Covid-19: Hotéis e restaurantes em Timor-Leste sofrem com os efeitos da pandemia

Os setores de hotelaria e restauração estão a ser alguns dos mais afetados pelos efeitos da pandemia de covid-19 em Timor-Leste, com várias unidades fechadas permanente ou temporariamente no país desde o início do ano.

Covid-19: Hotéis e restaurantes em Timor-Leste sofrem com os efeitos da pandemia

“Caímos para uma taxa de ocupação de zero de um dia para o outro. Ainda tentámos manter o restaurante aberto, fechando o hotel, mas depois tudo se tornou mais complicado, com muitas perdas, e tivemos de fechar”, contou à Lusa Samitha Aluwihare, presidente executivo (CEO) do East Timor Trading Group (ETTG), donos de um dos hotéis que fechou, o Discovery Inn.

“Tomámos a decisão de que chegou a altura de o fazer, tendo em conta as previsões para os próximos 18 meses. Entendemos que Timor tem que conter o vírus e que precisa de proteger a população, mas isso tem a consequência de menos pessoas a entrar”, referiu.

Dados do Banco Mundial apontam para uma queda na chegada de passageiros de mais de 60% este ano, com o país praticamente fechado, sem voos comerciais e com fortes restrições nas entradas.

“Não era sustentável manter o projeto aberto. Foi uma decisão dura, que estivemos a pensar durante vários meses. Mas temos de olhar para o cenário maior”, explicou.

O grupo detém ainda o Burger King no país, em regime de 'franchising' – a única marca internacional de comida rápida a operar em Timor-Leste –, tendo desde março fechado duas das suas quatro lojas, resultado de uma queda de cerca de 40% nas vendas.

O Discovery Inn foi um dos mais recentes a fechar as portas, num setor que nos últimos meses viu já vários fechos permanentes ou temporários de instalações de maior ou menor dimensão, a que se somam inúmeros restaurantes.

As dificuldades do setor são uma consequência direta da crise económica em que Timor-Leste vive desde 2017 – em grande parte devido a sucessivas crises políticas, que deixaram o país vários meses sem Orçamento Geral do Estado (OGE) –, e do aumento de preços das viagens para o país, o que praticamente paralisou o pouco turismo que o país recebia.

Uma situação agravada pela pandemia de covid-19, que fez sair milhares de estrangeiros do país.

Timor-Leste está desde março sem voos regulares e atualmente vai no seu sétimo período de 30 dias de estado de emergência, com fortes restrições nas entradas.

Aluwihare nota que a decisão foi também uma forma de evitar contaminações para os outros braços do ETTG, empresa que está a operar em Timor-Leste desde 2000, inicialmente para o fornecimento de bens essenciais para a comunidade internacional no país.

A companhia tem continuado predominantemente a trabalhar na importação e distribuição de bens consumíveis, tendo aberto as primeiras lojas de 'duty free' e, finalmente, em 2007, o projeto do restaurante e hotel, investimento de mais de um milhão de dólares.

Direcionado predominantemente para consultores e outros funcionários internacionais, o hotel começou a partir de 2012 a sentir uma maior competição, com o aumento no número de unidades e quartos disponíveis no país.

E ainda que tenha consigo sobreviver ao impacto do significativo aumento dos preços das viagens de avião de e para o país – grande parte dos hóspedes eram australianos –, a unidade não aguentou os efeitos da covid-19.

“Eventualmente, a covid-19 vai passar, e isto permite que nos foquemos noutros projetos que temos em mente e de que o país precisa. O primeiro é uma infraestrutura que vai ajudar a apoiar a logística e a promover a manufatura e investimento externo no país, que deveremos anunciar em breve”, referiu.

Com 20 anos de experiência em Timor-Leste, o ETTG conhece bem os desafios do país para investidores internacionais.

Montar um negócio continua a exigir inúmeras visitas a Timor-Leste, custos legais para tratar de toda a complexa burocracia e problemas como a incerteza sobre a terra ou os elevados custos de operação – a eletricidade, por exemplo, é um lastro para o setor hoteleiro e de restauração.

Hoje, o responsável considera que o país deve procurar melhorar a produtividade, inclusive com descontos em custos operacionais elevados, como a eletricidade, ou por ajustes nos preços de rendas de terrenos.

“Em termos de eletricidade, no setor da hospitalidade, por exemplo, os preços estão muito inflacionados, e isso afeta a capacidade de venda, porque obriga a ter preços mais elevados”, afirmou.

Ao mesmo tempo, e já a pensar no cenário pós-pandemia, Aluwihare defende uma aposta na promoção de Timor-Leste, mostrando o país e o seu potencial, especialmente no mercado australiano, que não sabe que o país já pode acolher turistas.

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