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Nélson lesionou-se e dispensou ‘bruaá’ da antiga Luz no resto da final

O ex-futebolista internacional português Nélson carpiu mágoas a abrir da final do Mundial de sub-20 de 1991, ao sair lesionado pelo ‘lendário’ brasileiro Roberto Carlos, evitando o ‘bruaá’ do antigo Estádio da Luz até ao apito final.

Nélson lesionou-se e dispensou ‘bruaá’ da antiga Luz no resto da final

“Estive o tempo todo com as mãos nos ouvidos para não ouvir as incidências do jogo, já que se sofre muito mais estando de fora. Por estar muito tempo assim, às vezes tinha de descansar. Ouvia as bancadas e imaginava o que seria, mas, como ninguém vinha ao balneário, pensava que não era nada de especial”, contou à agência Lusa o ex-defesa.

Em 30 de junho de 1991, a equipa das ‘quinas’ revalidou o título mundial de sub-20, ao vencer os ‘canarinhos’ na final (4-2 nos penáltis, após um ‘nulo’ no prolongamento), perante uma inigualável assistência de mais de 127.000 espetadores no recinto lisboeta.

“O jogo devia estar com cinco minutos quando me lesionei. Estive algum tempo a ver se conseguia aguentar, mas acabei por sair ao minuto nove. Direcionei-me logo para o balneário e fiquei lá o tempo todo até o roupeiro António Gonçalves me ter dito que ganhámos em penáltis. Aí, saí disparado a mancar para dentro do campo”, recordou.

A “alegria enorme” por observar a Luz em êxtase sobrepôs-se ao infortúnio incitado pela madrugadora entorse no pé esquerdo, numa final em que tinha sido aposta de Carlos Queiroz para substituir Abel Xavier na ala direita da defesa e acabou rendido por Tulipa.

“Foi mesmo junto à bandeirola de canto. Ia disputar uma bola pela linha final e coloquei o pé conforme devia, mas nunca esperava que o Roberto Carlos fizesse uma entrada tão impetuosa e agressiva. Afastou-me do resto do jogo. Ainda tentei ver se dava, mas a seguir voltei a magoar-me com o mesmo pé. No fundo, adiei o inevitável”, lamentou.

Nélson, então com 20 anos e prestes a trocar o Salgueiros pelo Sporting, chegou ao encontro decisivo após 90 minutos disputados frente à Coreia (1-0), na terceira ronda do Grupo A, além de ter entrado no prolongamento diante do México (2-1), nos ‘quartos’.

“Foi um misto de surpresa e não, porque havia uns zunzuns de que poderia vir a jogar na final. O Carlos Queiroz só escalonou a equipa e disse-me que ia ser titular. Estava ciente das responsabilidades, porque jogar uma final do Mundial naquelas circunstâncias era singular, e encarei-as no intuito de cumprir com perfeição o que me era pedido”, notou.

Sem “abordagens diferentes do habitual” ou “chamadas de atenção mais aprimoradas” durante a preparação da final, a seleção portuguesa de sub-20 ficou contagiada pelo “ambiente excecional” com que se deparou a viajar entre o hotel e o recinto do Benfica.

“Nunca nas nossas vidas tínhamos vivido um momento como aquele até à data nem ninguém tinha passado por uma situação semelhante. Sabíamos que tínhamos um país inteiro a carregar às costas. Lembro-me de avenidas completamente apinhadas de gente a ovacionar-nos e a dar motivação”, enalteceu o ex-defesa, dono da camisola 10 lusa.

A chegada à Luz foi “uma coisa incomum e arrepiante”, dado que “as bancadas estavam completamente lotadas duas horas antes do pontapé de saída”, na tentativa de intimidar um “eterno candidato e grande favorito” à conquista de títulos no futebol jovem e sénior.

“Houve momentos em que o Brasil esteve por cima, como era natural. Já revi este jogo algumas vezes e o facto de ter saído muito cedo condicionou-nos um pouco. O Carlos Queiroz teve de colocar o Tulipa, que não era um defesa direito, e isso altera muito a dinâmica e manobra da equipa, prejudicando tudo aquilo que se tinha planeado”, vincou.

Portugal repetiu o êxito de Riade dois anos depois, num torneio em que “despachou concludentemente” a Argentina (3-0), “estava à espera” de vencer sem sustos República da Irlanda (2-0), Coreia e Austrália (1-0) e “sentiu maiores dificuldades” com o México.

“Não estava a contar com uma seleção tão bem enquadrada no campo. Eram muito aguerridos, dinâmicos e atrevidos. Tivemos problemas, mesmo sem serem um candidato para nós. Fomos um bocadinho apanhados de surpresa sem o ser, porque estudámos bem o México. Agora, uma coisa é estudar e outra é sentir na prática”, advertiu.

Envolvido na euforia despoletada pelo penálti decisivo de Rui Costa, Nélson encostou-se ao palanque montado no relvado e de lá não saiu, até à hora de festejar consigo mesmo noite dentro no hotel, enquanto fazia gelo num pé inchado e incapaz de pousar no chão.

“Nas vésperas da final, fomos almoçar com o então primeiro-ministro Cavaco Silva ao Solar dos Presuntos. Perguntei-lhe se ia haver benesse por causa do serviço militar, que nos atrapalhava imenso a vida em termos profissionais. Ele não quis responder, sorriu e mais nada. Certo é que, quando festejámos o título, ficámos livres da tropa”, gracejou.

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