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Mundial-2022: 'Caso Saltillo' deveria ter sido escalpelizado na altura - Carlos Manuel

O antigo futebolista português Carlos Manuel considera que os incidentes que marcaram a passagem de Portugal pelo Mundial de 1986 deveriam “ter sido escalpelizados na altura” e lamentou que aquela “seleção fantástica” tenha ficado pela fase de grupos.

Mundial-2022: 'Caso Saltillo' deveria ter sido escalpelizado na altura - Carlos Manuel

“Tudo o que possamos dizer sobre aquele Mundial agora é subjetivo. Vale o que vale. Devia de ter sido escalpelizado na altura, quando toda a gente ainda estava cá, muitos já faleceram”, começou por dizer à agencia Lusa Carlos Manuel, um dos destacados jogadores dessa seleção lusa, referindo-se ao ‘caso Saltillo’.

A participação da equipa das ‘quinas’ nesse Campeonato do Mundo, no México, ficou marcada pela ameaça de greve dos jogadores lusos em plena competição, em conflito com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) devido a discordâncias quanto aos prémios de jogo a que os atletas teriam direito.

“O pós-Mundial deveria ter sido bem pensado e falado, mas não o foi. Possivelmente, porque muitas pessoas da federação não quiseram falar frente-a-frente. Falar no jornal, isso passa, a televisão é a melhor coisa para se enfrentar as pessoas nesse sentido. Nunca o quiseram fazer”, lamentou Carlos Manuel.

Semanas antes do ‘caso Saltillo’, a seleção nacional já tinha sido abalada pela ausência de António Veloso da competição, depois do então jogador do Benfica ter tido um teste positivo num controlo anti-doping.

“Começámos um processo reivindicativo que não teve a ver apenas com a parte financeira. Era, essencialmente, sobre a parte organizativa e as coisas nunca foram correndo como pretendíamos e como achávamos que seria o melhor. O Europeu de 1984 correu-nos bem e o grupo de trabalho era quase o mesmo que chegou a esse Mundial. Era uma seleção que poderia ter ido muito mais longe”, confessou.

Carlos Manuel considera mesmo que esse foi “um Mundial ‘sui-generis’, por todos os problemas que já vinham de trás” e que acabaram por afetar “uma seleção fantástica”.

“Correu-nos mal porque não nos apurámos [para os oitavos de final], mas tínhamos uma seleção fortíssima para o conseguirmos. As coisas eram diferentes nessa altura. Portugal só começou a abrir, mesmo em termos políticos, no início da década de 80, e levou um certo tempo. Pesou um bocadinho. Agora, é certo que havia ali jogadores que poderiam ir para qualquer equipa do mundo e jogariam”, lembrou à Lusa o antigo médio, autor do ‘pontapé’ que permitiu a Portugal vencer a RFA (1-0), em Estugarda, e apurar-se para o Mundial de 1986, em outubro de 1985.

Chegados ao México, os jogadores lusos estrearam-se na fase final com um triunfo por 1-0 sobre a Inglaterra, precisamente com um golo de Carlos Manuel, mas uma derrota pelo mesmo resultado com a Polónia complicou as contas da formação comandada por José Torres, que acabaria por ceder novamente no derradeiro encontro do Grupo F, com Marrocos (1-3).

“Mudámos o ‘chip’ nesse jogo. O José Torres tirou o André nesse jogo, que era um jogador extremamente importante atrás de nós, de mim, do Jaime Pacheco e do [António] Sousa, dava muitos equilíbrios e permitia que nós nos soltássemos. Ficámos surpreendidos na primeira parte, porque mudou a nossa forma de jogar e levámos ali três golos de rajada”, recordou.

Em Guadalajara, Portugal chegou ao intervalo a perder por 2-0 e viria a sofrer o terceiro tento no segundo tempo, antes de Diamantino Miranda reduzir para os portugueses, que ficariam no último lugar do grupo e, por conseguinte, afastados dos oitavos de final, para o qual seguiram Marrocos, Inglaterra e Polónia, esta última como um dos melhores terceiros classificados.

“Na segunda parte, Marrocos praticamente não foi à nossa baliza e nós poderíamos ter feito mais golos, mas não aconteceu. A surpresa foi nós termos mudado o ‘chip’, porque o empate chegava para os dois passarem. Íamos nós e Marrocos, e a Inglaterra não ia. Foi pena, porque os anos 80 foram ótimos para o nosso futebol”, lamentou.

Depois da eliminação no México, Portugal falharia as fases finais de 1990, 1994 e 1998, regressando à elite mundial apenas em 2002, na Coreia do Sul e no Japão.

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