O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) considerou hoje pouco natural que de todas as federações a FPF seja a única que ainda não aprovou a alteração aos estatutos.
Em causa está a publicação hoje no Diário da República do despacho que suspende por um ano o estatuto de utilidade pública desportiva da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), com efeitos a partir de 12 de abril.
A FPF perdeu o estatuto de utilidade pública desportiva por não ter adequado os seus estatutos, dentro dos prazos determinados, ao novo Regime Jurídico das Federações Desportivas.
A alteração aos estatutos da FPF ainda não aconteceu, apesar das várias tentativas, pelo voto contra das associações, que Joaquim Evangelista considera estarem ''a violar a lei de forma frontal''.
''Num regime democrático temos que respeitar a legalidade dos atos. É a vontade da maioria que prevalece e não a de um grupo minoritário, que pretende impor regras mesmo que afrontando a lei'', disse.
Ainda de acordo com Joaquim Evangelista, a situação está num impasse, embora o secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, já tenha utilizado os instrumentos que tem ao seu dispor para o ultrapassar.
Joaquim Evangelista remete este ''problema profundo'' para o ''anacronismo histórico'' resultante de as associações distritais terem a maioria dos votos e funcionarem como ''força de bloqueio nas reformas''.
''É legítimo que as associações exijam reconhecimento do seu papel no futebol, mas não a todo o custo'', defende, considerando que ''há outras entidades que fazem igual trabalho''.
Para ultrapassar esta situação, Evangelista evoca o regime democrático em que Portugal vive, em que ''o poder não está na mão de uns poucos iluminados'', e apela ''à mudança de mentalidades e modernização''.
''As associações não estão a saber gerir essa mudança, o mundo evolui e o desporto avança ainda muito mais depressa'', considera, parafraseando o próprio Laurentino Dias.
Afinal, questionou o dirigente, ''qual é o regime que as associações querem. O espanhol, o italiano, o francês... eu subscrevo qualquer um deste, mas eles (associações) parece que não querem nenhum''.
''Isto não pode ser, tem que se dar um salto qualitativo no futebol português. O único argumento para não se alterar este regime é a perda de poder'', disse, defendendo que ''as associações estão a prestar um mau serviço''.
Ainda segundo o dirigente, as associações estão a desacreditar o futebol português nas estruturas mundiais, ainda por cima utilizando o argumento de que vão recorrer para essas mesmas instâncias, que já deram o seu aval à proposta de revisão dos novos regulamentos.
''Esta situação (suspensão do regime de utilidade pública) cria expetativas e ninguém sabe muito bem o que vai acontecer. Alguém vai ter que ceder e o desejável era haver um entendimento'', acrescentou.
O impasse, ainda de acordo com o dirigente, pode contribuir para dois ''atos inúteis'' - referindo-se às eleições na FPF e Liga - porque terão que ser repetidos, após a aprovação dos novos estatutos.