Crónica: Portugal passivo e inconsequente arranca em ‘falso’ frente à Geórgia

No Estádio Boris Paichadze, em Tbilisi, os golos de Giorgi Gagua, aos 37 minutos, e de Saba Sazonov, aos 45+1, deixaram atónitos os vice-campeões em título, que, desde já, ficam numa situação preocupante e estão proibidos de vacilarem nas próximas rondas.

Além dessas desatenções fatais antes do intervalo, a formação orientada por Rui Jorge ficou a jogar em inferioridade numérica a partir dos 76 minutos, com Tomás Araújo a ser expulso com cartão vermelho direto, ao travar Giorgi Gocholeishvili, que seguia isolado.

A Geórgia subiu à liderança isolada do Grupo A, com três pontos, capitalizando o ‘nulo’ alcançado à mesma hora entre Países Baixos e Bélgica (0-0), que somam um, enquanto Portugal, finalista derrotado em 1994, 2015 e 2021, está na última posição, sem pontos.

A estreia absoluta de João Neves no escalão de sub-21 sobressaiu nas escolhas iniciais do selecionador Rui Jorge, que também adaptou José Carlos à posição de lateral direito, mas viu o coletivo encher-se de lentidão e parca criatividade na definição dos ataques.

Apesar do expectável ascendente territorial, Portugal foi incapaz de desmontar as linhas densas da Geórgia, que, galvanizada pelo seu público, passou a etapa inaugural assente na sua firmeza defensiva e viria a castigar com oportunismo as distrações do adversário.

Aos 37 minutos, no primeiro lance perigoso da partida, Tomás Araújo deixou bater à sua frente uma bola aérea e permitiu que Giorgi Gagua se impusesse na disputa individual, ganhando espaço para um remate frontal longe do alcance do guarda-redes Celton Biai.

Os lusos ripostaram cinco minutos depois, com Luka Kutaladze a afastar um pontapé de Afonso Sousa, para voltarem a claudicar atrás aos 45+1, quando Saba Sazonov desviou sem oposição um canto levantado na direita por Giorgi Tsitaishvili e agravou a surpresa.

A dupla substituição feita ao intervalo por Rui Jorge conferiu objetividade a Portugal, que ameaçou aos 47 minutos, com um cabeceamento para fora do suplente Henrique Araújo, e, aos 53, em rasgos do também recém-entrado Francisco Conceição, que visou a trave, após Kalandadze ter fletido uma tentativa de cruzamento, e atirou à figura de Kutaladze.

Os anfitriões raramente estiveram desconfortáveis, mesmo perante novas finalizações de André Almeida (62 e 68 minutos), Samuel Costa (73) e Nuno Tavares (74), numa altura em que readquiriram fôlego com a inclusão de atletas oriundos da sua seleção principal.

Utilizado na véspera como suplente utilizado na derrota sofrida pela Geórgia na Escócia, de apuramento para o Euro2024, Giorgi Gocholeishvili saiu do banco e estaria na origem da expulsão de Tomás Araújo, que diluiu quaisquer esperanças lusas no último quarto de hora e deixou em euforia a única equipa estreante na 24.ª edição do Europeu de sub-21.