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FC Porto: O engarrafamento dos guerreiros na VCI

Artigo de opinião de Gil Nunes.

FC Porto: O engarrafamento dos guerreiros na VCI
Futebol 365

Elementar no papel mas complicado de implementar na componente prática: ora, se o Braga é muito perigoso do meio-campo para a frente e débil na retaguarda, nada como primeiro estancar a hemorragia para se evitar o perigo: até porque a defesa dos dragões – que porventura realizou o seu melhor jogo da temporada diante do Braga – não é propriamente um exemplo em termos de performance recente, pelo que mais vale prevenir do que remediar. E depois, dada a análise fria do contexto bracarense, os golos vão surgir com naturalidade. De uma forma ou de outra. Como acabou por se passar. Com mais um disparate individual à mistura – Borja (depois de Nápoles) a “brincar” em zona proibida e a oferecer a grande penalidade a Evanilson. Perante isto….

Do lado do FC Porto, a boa notícia acabou por provir dessa mesma linha defensiva. Melhor exibição da temporada até agora e, sobretudo, um desiderato de excelente exibição diante de uma equipa que tem o melhor ataque da liga. O que faz regressar uma reflexão: o FC Porto parece dar-se bem perante equipas grandes, que têm de arriscar e que, por conseguinte, se destapam na sua zona mais recuada e que criam diferentes crateras na sua organização em face desse mesmo risco. É certo que a magnífica defesa de Diogo Costa, a fechar a primeira parte, também ajudou e muito, mas a lógica de sistema parece impor a sua lei: a composição do miolo (muitas vezes com cinco homens e bem organizada) fez com o ataque bracarense ganhasse uma timidez natural, que o impediu de atacar em face da possibilidade de um contragolpe denominado transição ofensiva. É claro que o golo relativamente prematuro (Fábio Cardoso) ajudou na narrativa do jogo. Porque o Braga necessitava de ir atrás do prejuízo e, para tal, qualquer reajuste do miolo poderia motivar uma diminuição do fluxo ofensivo o que, não sendo bem assim, também dava o diapasão do jogo ao FC Porto.

Acontece que o Braga também não esteve mal do ponto de vista defensivo e, pegando-se no filme do jogo, verifica-se que os golos advieram não de bola corrida mas de situações de bola parada. No entanto, o domínio pendeu sempre para o lado dos dragões, que identificaram de forma eficiente a zona a bloquear: o meio-campo dos arsenalistas. E através de um povoamento denso que, para além de ter impedido situações de superioridade numérica, motivou um caos naquele setor em específico: porque não era suposto Evanilson por ali andar. Quem o marca? E quem abandona a marcação prevista para o marcar? Não estava nos planos. Tal como também não estava previsto aparecer por lá tantas vezes Francisco Conceição em movimentos de diagonal, canalizando o jogo para o seu lado esquerdo. E não com o intuito próximo de desequilibrar, mas sim de confundir. De baralhar. De gerar aquela impaciência no adversário de “vais lá tu ou vou lá eu” que, no seguimento de um processo de circulação de jogo, possibilita a vitória no somatório das pequenas batalhas com que os jogos se constroem e definem. E ganham.

E é indesmentível que o FC Porto necessita de um central. E sobretudo de um central esquerdino, um atributo que é essencial num contexto de equipa grande em que a construção forçosamente se faz a partir da zona central. Se Fábio Cardoso, nesse aspeto, nem deslumbra nem compromete, é Pepe quem assume as rédeas, sobretudo ao nível do passe longo e da chamada imediata da exploração da profundidade (primeiro golo de Evanilson diante do Estoril). Para além disso, os últimos jogos trouxeram uma novidade do ponto de vista tático: a colocação de Pepê no espaço entrelinhas, que permite um duplo aproveitamento: em primeiro lugar a desmarcação rápida no espaço vazio que se origina – ou que se pode originar na sequência das movimentações de Evanilson (sobretudo) ou do miolo; depois, aquela capacidade técnica que faz com que todos os nós se desembrulhem e tudo, num ápice, se torne natural e fluido tal qual a harmonia da sua magnífica capacidade técnica.

Nada é certo no final da primeira volta mas a vitória do FC Porto, não sendo imperiosa nem urgente, foi bastante útil para se acalmarem as hostes e para o fosso em relação aos dois da frente não ser tão dilatado. E as boas notícias acabam por surgir de forma indireta: á maior solidez defensiva diante de um adversário poderoso junta-se também um conjunto de golos que, não sendo abundante, pelo menos abarca um ramalhete diversificado: bola parada ou respeitantes a excelente dinâmica ofensiva, o Dragão vai-se recompondo paulatinamente num contexto de reconstrução que se repete ano após ano.

E a estabilidade, para os lados do FC Porto, pode e deve ser amiga de um futuro imediato mais risonho. Dos benefícios indiretos aos diretos e aos chocantemente pragmáticos: a constatação de que os dragões, nessa lógica de reconstrução, também costumam andar quase sempre atrás do prejuízo. Umas vezes conseguem lá chegar. Outras, como na temporada passada, ficaram a um fósforo de distância.

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