"No balneário do Benfica quem dá murros na mesa acaba por ter benefícios extras"

Kökçü sente-se frustrado e desvalorizado no Benfica, clamando por mais liberdade e protagonismo na equipa.

Embora reconheça que a sua adaptação ao Benfica não tenha correspondido ao investimento feito pelo clube na sua contratação durante a janela de transferências de verão, Orkun Kökçü nutria a esperança de que a mudança representasse um passo crucial no desenvolvimento da sua carreira. No entanto, contrariamente às suas expectativas, sente que essa evolução verificou-se apenas de forma parcial.

Apesar de ter sido uma contratação recorde para o clube, o jogador sentiu que a sua chegada foi tratada de forma demasiado apressada e sem o devido destaque, algo que contrastou com a receção dada a outros jogadores em Portugal e noutros grandes clubes europeus.

Desde o início, sentiu-se desvalorizado, uma situação exacerbada pela falta de reconhecimento por parte do treinador. As promessas feitas por Roger Schmidt antes da sua transferência para o Benfica — de que desempenharia um papel crucial semelhante ao que tinha no Feyenoord, com liberdade para influenciar o jogo — não se materializaram. Em vez disso, viu-se confinado a tarefas defensivas, limitando a expressão das suas qualidades em campo.

Esta situação gerou uma profunda frustração no jogador, que se sente capaz de oferecer muito mais à equipa. A comparação com o seu desempenho no Feyenoord e a sua eficácia mesmo durante o período do Ramadão sublinham a sua convicção de que, se lhe fosse concedida mais liberdade em campo, poderia ser muito mais influente.

A frustração do jogador é palpável, especialmente ao ser frequentemente substituído, em momentos nos quais acreditava poder ser decisivo para a equipa. Esta situação é refletida na análise de Diogo Luís, comentador da CNN Portugal, que vê as declarações de Kökçü como um reflexo da insatisfação não só pessoal mas também mais ampla dentro do plantel.

"Olho para as críticas, claramente, com um alvo, Roger Schmidt, mas indiretamente também com os dirigentes do Benfica, a administração", explicou Diogo Luís. Segundo o comentador Kökçü, sendo a contratação mais cara de sempre em Portugal, percebeu que, "dentro do Benfica e dentro do balneário do Benfica, quem dá murros na mesa acaba por ter benefícios extras".

"Isto foi claramente uma boca para aquilo que aconteceu, por exemplo, com Di Maria, no primeiro jogo do campeonato, Di Maria foi substituído, lançou logo o alerta a Roger Schmidt e nunca mais o foi."

Diogo Luís aponta para um cenário mais amplo de descontentamento, sugerindo que a situação de Kökçü é indicativa de um problema maior no seio do clube. "Eu acho que Kökçü é a cara de vários jogadores que estão insatisfeitos dentro do plantel do Benfica", afirmou, evidenciando que o ambiente no balneário pode ser um dos grandes desafios para o treinador e para a administração liderada por Rui Costa.

Concluindo, o comentador destaca que "quando Di Maria diz que é 'contra tudo e contra todos', quando o Benfica perde pontos, se calhar o 'contra tudo e contra todos' está dentro do balneário e não fora do balneário".

As observações de Diogo Luís, ancoradas nas declarações de Kökçü, revelam as complexidades e desafios internos do Benfica, numa temporada marcada por tensões e expectativas elevadas.