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Eusébio: O «Pantera Negra» completa 50 anos de Benfica

Acusações de rapto, nomes de código, viagem incógnito para Lisboa: a chegada de Eusébio ao Benfica teve todos os ingredientes de um filme de espionagem, para evitar que o melhor futebolista português de sempre acabasse no rival Sporting.

Eusébio: O «Pantera Negra» completa 50 anos de Benfica

Cumprem-se na sexta-feira 50 anos desde que o jovem Eusébio avistou pela primeira vez a “metrópole”, a 17 de dezembro de 1960, a bordo do voo mais importante que alguma vez saiu de Moçambique, na perspetiva de qualquer adepto benfiquista.

“Fui o último passageiro a embarcar no ‘Super Constelation’ da TAP. Nem sequer houve chamada. Os passageiros já estavam todos no avião quando fui levado até às escadas num Volkswagen com matrícula do Exército”, recordou Eusébio, em entrevista à Agência Lusa, por ocasião do seu cinquentenário.

Alarmados pela concorrência do Sporting, os dirigentes benfiquistas recorreram a técnicas ao melhor estilo da Guerra Fria, que conhecia o auge entre os Estados Unidos e a União Soviética, adotando um nome de código para designar a sua futura “joia”.

Antes de ser o “Pantera Negra” que deslumbrou adeptos de futebol em todo o Mundo, Eusébio foi “Rute”, a expressão utilizada pelos diligentes emissários do Benfica para ocultar a identidade do jogador nas suas comunicações telefónicas e telegráficas.

O Sporting acreditava que estava em vantagem porque o jovem Eusébio alinhava na sua filial moçambicana, o Sporting de Lourenço Marques, cidade onde nasceu em 25 de janeiro de 1942, mas o Benfica abordou diretamente a família e conquistou a sua maior referência.

“O Benfica estava à frente porque falou com a minha mãe e o meu irmão. O Sporting fala em rapto, mas eu nunca poderia aceitar ter sido raptado”, observou Eusébio, lembrando as acusações lançadas na altura pelo clube de Alvalade, mais inconformado a cada golo marcado pelo poderoso avançado.

O secretismo manteve-se durante os primeiros tempos em Lisboa, durante os quais foi “enclausurado” no Lar do Jogador do clube da Luz, onde teve no “Bom Gigante” José Torres um anfitrião dedicado, apesar de logo no dia da chegada ter participado num jogo entre equipas de reservas do Benfica e do Atlético.

As qualidades ímpares valeram-lhe a entrada direta no “onze” do Benfica no início da nova época, na qual ajudou o clube lisboeta a revalidar o título de campeão europeu, ao marcar dois golos na final com o Real Madrid (vitória por 5-3), construindo uma carreira sem paralelo no futebol português.

Eusébio foi 11 vezes campeão nacional, vencedor de cinco Taças de Portugal e campeão europeu em 1962. Foi ainda o melhor marcador do campeonato por sete vezes e o melhor “artilheiro” europeu em duas ocasiões, tendo sido distinguido como melhor futebolista europeu em 1965.

Na seleção portuguesa foi durante muitos anos o melhor marcador, com um total de 41 golos em 64 jogos, marca apenas batida recentemente por Pedro Pauleta (47 remates certeiros), liderando a “equipa das quinas” rumo ao terceiro lugar no Campeonato do Mundo de 1966.

Embora o seu nome tenha ficado intimamente ligado aos êxitos do Benfica, Eusébio passou por vários clubes na reta final da carreira: Rhode Island Oceaneers (EUA), Boston Minute Men (EUA), Toronto Metros (Canadá), Beira-Mar, Monterrey (México), Las Vegas Quick Silvers (EUA), New Jersey (EUA) e União de Tomar, antes de “arrumar as botas”, em 1978.

Pelo meio ficaram duas transferências milionárias goradas para Itália, porque os transalpinos fecharam as fronteiras aos jogadores estrangeiros ou porque Oliveira Salazar, presidente do Conselho de Ministros, o considerou “património nacional” e, portanto, inegociável.

Eusébio continuou a maravilhar o Estádio da Luz, mesmo massacrado por sete intervenções cirúrgicas, seis das quais ao joelho esquerdo, e o Benfica prestou-lhe a maior homenagem durante as celebrações do seu cinquentenário, erguendo a sua estátua em bronze em frente à porta principal do recinto, sob o olhar aprovador da águia, símbolo do clube.

- Perfil:

Nome: Eusébio da Silva Ferreira.

Data de Nascimento: 25 de Janeiro de 1942.

Naturalidade: Lourenço Marques, atual Maputo (Moçambique).

Posição: Avançado.

Principais características como jogador:

- Facilidade e potência de remate com ambos os pés, capacidade técnica, sentido de oportunidade, velocidade e facilidade de “drible”.

Primeiro clube: Sporting de Lourenço Marques (1959/60).

Principal clube: Benfica (de 1960/61 a 1974/75).

Outros clubes em Portugal: Beira-Mar e União de Tomar.

Clubes no estrangeiro:

Rhode Island Oceaneers (EUA).

Boston Minutemen (EUA).

Toronto Metros (Canadá).

Monterrey (México).

Las Vegas Quick Silvers (EUA).

New Jersey (EUA).

Jogos no Campeonato Nacional: 294.

Golos no Campeonato Nacional: 316.

Títulos de campeão nacional: 11 (1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68, 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1974/75).

Jogos na Taça de Portugal: 60.

Golos na Taça de Portugal: 97.

Vitórias na Taça de Portugal: 5 (1961/62, 1963/64, 1968/69, 1969/70 e 1971/72).

Jogos pela seleção AA de Portugal: 64.

Golos pela seleção AA de Portugal: 41.

Jogos pela seleção militar de Portugal: 12.

Jogos pela seleção da FIFA: 2.

Jogos pela seleção da UEFA: 12.

Total de golos: 1139 (907 em jogos oficiais).

- Taças Europeias de Clubes (pelo Benfica):

Jogos: 78.

Golos: 59.

Títulos:

- Campeão Europeu em 1961/62.

- Campeonatos do Mundo:

Participações em fases finais: 1 (1966 - Inglaterra).

Melhor classificação: Terceiro Lugar.

Jogos: 22 (incluindo qualificações).

Golos: 22 (incluindo qualificações).

- Campeonatos da Europa:

Participações em fases finais: 0.

Fases de Qualificação:

Jogos: 14.

Golos: 4.

- Troféus pessoais em Portugal:

Melhor marcador do Campeonato Nacional: 7 vezes - 1963/64 (28 golos), 1964/65 (28), 1965/66 (25), 1966/67 (31), 1967/68 (42), 1969/70 (20) e 1972/73 (40).

Futebolista Português do Ano: 2 vezes.

- Troféus pessoais Internacionais:

Melhor marcador do Campeonato do Mundo: 1 - Inglaterra 66 (9 golos).

Melhor marcador europeu (“Bota de Ouro”): 2 vezes (1967/68 e 1972/73).

Melhor futebolista europeu (“Bola de Ouro”): 1 vez (1965).

Segundo melhor futebolista europeu (“Bola de Prata”): 2 vezes (1962 e 1966).

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