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Futebol de Rua: Jogadores portugueses concretizam o sonho

Os jogadores da seleção portuguesa de futebol de rua reunidos em Aveiro no estágio para o Mundial de Paris vivem nesta fase do projeto um “sonho concretizado”, que remata um ano de torneios.

A expressão é do técnico social que acompanha os oito jovens que, apoiados por instituições particulares de solidariedade social, participaram ao longo da época nos vários torneios locais que os conduziram à final – onde, independentemente do resultado por equipas, foram escolhidos como os melhores jogadores em campo.

“Isto é tudo para eles. É como a cereja em cima do bolo, porque os acarinhámos, andámos com eles ao colo, incentivámo-los a vivenciar toda esta experiência de responsabilidade e socialização e conseguimos trazê-los a este limite para lhes mostrar que também são capazes disto, apesar de toda a negatividade que têm nas suas vidas familiares”, garante Carlos Gomes à Lusa.

Para Gonçalo Santos, coordenador deste projeto sócio-desportivo da associação CAIS, é essa, afinal, a grande missão do futebol de rua: “Tanto a nível nacional como internacional, isto pretende ser mais do que uma competição – quer ser um choque cultural, o catalisador para uma mudança positiva na vida destes jovens e um contributo para que eles trabalhem questões tão simples como a sua autoestima, motivação e assertividade”.

“Ensina-lhes a importância de se apoiarem uns aos outros dentro e fora de campo, tanto no futebol de rua como no quotidiano”, acrescenta.

O selecionador Bruno Seco assegura que essa meta é alcançada e explica: “Todos os jogadores têm talento desportivo e a nossa obrigação aqui é potenciá-lo. Fazemo-los perceber que não têm a mínima noção dos seus limites e, que se agora pensam que se cansam ao fim de cinco voltas ao campo, quando derem por ela já fizeram 30 e continuam a correr”.

Acreditando que os jovens da seleção “conseguem superar isso e muito mais”, o técnico defende que o espírito estimulado pelo futebol de rua “vai-se repercutir em tudo o que seja atividade das suas vidas pessoais”.

Pedro Silva, que tem 20 anos e participou no nacional em nome da Obra do Frei Gil de Coimbra, admite: “Quando me disseram que vinha representar a seleção, foi uma coisa do outro mundo. É representar Portugal. É um sonho realizado”.

O guarda-redes reside na instituição há 11 anos, considera que este é “o ponto alto” da sua vida e, reconhecendo que com o seu exemplo inspira outros jovens da Obra do Frei Gil, confessa: “Isto altera a maneira como me vejo. Sinto-me outra pessoa”.

Paulo Silva também está à baliza, tem 21 anos e representa a Casa dos Rapazes, de Viana do Castelo, onde vive desde 2005. Preparou-se ao longo de três anos para ter um bom desempenho no nacional desta época, mas, apesar de reconhecer ao seu jogo “empenho e concentração”, não estava à espera de ser selecionado para Paris, pelo que o convite “foi um sonho, uma alegria”.

“Isto dá para fazer novas amizades e é bom pelo convívio. Outra vantagem é que vamos para fora jogar e, se calhar, eu só vou ao estrangeiro uma vez na vida – que é esta”, admite.

Aspetos negativos da temporada no estágio e no mundial do futebol de rua, que o levará a Paris de 20 a 28 de agosto, Paulo Silva só tem um a apontar: “Sabe a pouco. O grande defeito disto é esse”.

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