Diferentes origens, culturas e profissões unidas sob o gosto do futebol levam mais uma vez os Veteranos de Macau a organizar e disputar o 11.º Torneio da Soberania, que este ano junta oito equipas, entre hoje e domingo.
“Somos uma equipa multicultural. Temos quase sempre 30 jogadores”, descreve à agência Lusa o presidente da Associação de Veteranos de Macau, Francisco Manhão, lembrando que o torneio começou como um tributo à Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), logo após a transferência do exercício de soberania de Portugal para a China.
Feita das “disponibilidades pessoais e profissionais” dos sócios, a formação dos Veteranos de Macau orgulha-se de ser um ponto de convívio intergeracional, num grupo maioritariamente composto por chineses e naturais de Macau, mas no qual também inscreveram o seu nome alguns talentos africanos.
“Juntamo-nos porque gostamos de desporto. E é curioso porque há várias gerações em campo, numa diferença de idades entre futebolistas que às vezes pode ser superior a 20 anos”, explica o ponta de lança Jeremias Madeira, prestes a apagar 60 velas.
José Eduardo Rodrigues ou Dedé, hoje com 51 anos, representa a geração mais nova. Em Portugal vestiu as camisolas do Operário e do Lourinhanense, e depois de chegar a Macau, aos 25 anos, alinhou na primeira liga, até que se tornou um dos futebolistas mais jovens a integrar o coletivo dos Veteranos de Macau. Tinha 40 anos, a idade mínima para representar a coletividade.
“Portugueses de origem europeia era eu e o Sr. Carvalhal, que já deixou de jogar a bola”, recorda, ao invocar os tempos em que contava as horas para despir o fato de funcionário judicial e aparecer no campo sintético do Tap Seac - uma das praças de Macau - para “dar uns toques”, no esférico e na conversa dos jantares-convívio depois dos treinos.
Onze anos depois, são vários os episódios que guarda na memória. Além de três golos marcados a Hong-Kong numa partida vitoriosa, Dedé recorda em particular um “‘derby’ com a mesma formação, em que só ouvia ‘doutor, passe a bola’ e, no final, o doutor de Hong-Kong, que era mesmo médico, foi o único lesionado em campo”.
“O desporto é isto. Há histórias incríveis”, realça Dedé, que na gíria futebolística também é conhecido por ''Não vales nada''.
No Torneio da Soberania deste ano será “difícil” repetir a “glória” do primeiro, em que Macau impôs a sua superioridade às formações de Hong-Kong, China e Taiwan, numa vitória nunca mais repetida, mas tanto Manhão, como Madeira ou Dédé depositam esperanças no “sangue novo” injetado no plantel este ano.
“A Coreia do Sul e o Marítimo, de Portugal, são formações muito fortes. Mas este ano temos sangue novo. São jogadores que acabaram de jogar pelos clubes da primeira divisão de Macau. Têm entre 40 a 45 anos e podem fazer a diferença”, acredita Manhão.
Na disputa do troféu da Soberania 2011 - um vaso com motivos portugueses - estão oito formações de Macau, Hong Kong, China, Portugal, Malásia, Tailândia, Coreia do Sul e Taiwan.