Mundial 2014: Bairro de Itaquera enfrenta falta de infraestruturas

O atraso nas obras para o mundial tem sido alvo de constantes críticas da FIFA ao Brasil. Na sexta-feira, o presidente da entidade, Joseph Blatter, afirmou que as autoridades brasileiras deviam ''falar menos e fazer mais''.

Embora a FIFA se tenha mostrado satisfeita com as obras do estádio do Corinthians, em construção em Itaquera, naquela área não há qualquer grande hotel ou rede de supermercados. A zona mais comercial da região também não se modificou e continua com lojas voltadas ao comércio local.

O bairro sofreu, até agora, duas grandes intervenções: o início da construção do estádio e a do chamado Pólo Institucional, nas proximidades, que integra uma faculdade de tecnologia, uma escola de ensino técnico, um fórum judicial e instalações da Polícia Militar.

A nova estação de autocarros e a rede viária prevista para o local ainda não saíram do papel. A adjudicação das obras está prevista para este ano, com investimento de 478 milhões de reais.

O responsável do município para o Mundial2014, Gilmar Tadeu, afirmou que ainda é cedo para medir os resultados. A preocupação da prefeitura é a construção do estádio e a conclusão das obras que vão possibilitar o desenvolvimento da região, disse.

''Os investidores esperam um amadurecimento dos projetos e os incentivos fiscais para os novos e atuais empresários'', disse. Tadeu realçou que a construção do estádio vai deixar um legado para o bairro, com a criação de empregos e a qualificação da zona.

Bruno Caetano, diretor da Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (Sebrae-SP), afirmou que Itaquera será um novo pólo de negócios em São Paulo, com oportunidades de crescimento em diversas áreas, com destaque para a tecnologia da informação. ''Dizemos que as oportunidades já estão a surgir hoje e que o empresário que não se preparou está atrasado'', disse.

Mesmo sem as melhorias visíveis de infraestrutura no bairro, a aproximação do mundial gerou uma subida dos preços dos imóveis em cerca de 50 por cento, de acordo com Joaquim Carlos de Carvalho Junior, dono de uma empresa imobiliária da zona.

''A região não suporta esse tipo de valor, acima dos 300 mil reais. Quem tem esse dinheiro, vai morar mais próximo do centro'', sublinhou.

Outro efeito imediato do anúncio do bairro como sede do Mundial2014 é o receio de que as autoridades comecem a desapropriar terrenos, principalmente, em bairros degradados (favelas). Itaquera possui uma das maiores populações da cidade e um baixo índice de desenvolvimento social, contando com pelo menos cinco dessas comunidades em áreas que podem sofrer alterações.

''Se for para sair, temos de ser avisados e ter ajuda para ir para um lugar melhor'', afirmou o pedreiro José Antonio Lima, de 57 anos, morador da favela da Paz, que concentra 300 famílias logo atrás do novo estádio.