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Tivesse o Benfica triunfado na receção ao Estoril-Praia (1-1) e o país não pararia. As águias chegariam ao Estádio do Dragão com quatro pontos de vantagem e a poderem ser derrotadas. A força anímica do FC Porto estaria longe de ser a mesma e, com tranquilidade, Jorge Jesus até teria oportunidade para rodar algumas unidades, com a final de Amesterdão na cabeça. Não foi assim. Estará preparado o Benfica para o plano B? Conseguirá o FC Porto aproveitar (mais) uma dádiva dos céus?
Na época passada, o FC Porto também não deslumbrou. O FC Porto de Vítor Pereira nunca deslumbrou, embora só tenha uma derrota no campeonato desde que substituiu André Villas-Boas. Mas o Benfica distraiu-se e, com uma maior folga, os azuis e brancos souberam aproveitar e chegar ao bicampeonato. ‘Obrigado presidente, obrigado por acreditar’, referiu repetidamente o treinador, quando abraçou Pinto da Costa no momento dos festejos.
Esta temporada, Vítor Pereira foi ainda mais criticado do que o habitual. Encarreirou num tipo de discurso que culpabilizou a arbitragem e desculpabilizou os seus erros de gestão e a péssima construção de plantel para enfrentar a exigência de uma época em que o FC Porto até foi capaz de atingir os oitavos-de-final da Champions League. Gastaram-se milhões, mas, inexplicavelmente, os dragões nunca tiveram um banco com soluções (ai, a contratação do Liedson, ...). Mas o Benfica ajudou novamente.
Os encarnados praticaram um futebol atrativo (menos belo, mas mais eficaz do que o que foi apresentado por Jorge Jesus no primeiro ano de Benfica) e conseguiram gerir esforços nas diferentes competições em que se envolveram. Tiveram a humildade necessária em algumas partidas e tiraram o pé do acelerador quando se justificou (ou, quase sempre). A pensar no que estaria para vir. Contudo, no momento em que era imperativo triunfar para chegar em descanso ao Estádio do Dragão, o Benfica falhou.
Seja como for, o Benfica continua com dois pontos de vantagem. Para a formação de Jorge Jesus servem dois resultados: empate e vitória. Para o FC Porto, só uma hipótese interessa: a vitória. As estatísticas mostram que o Benfica não triunfa no reduto do FC Porto para o campeonato desde 2005-06, altura em que dois golos de Nuno Gomes derrubaram Co Adriaanse e companhia (0-2). A partir daí, quatro derrotas e dois empates.
A partir das 20.30 horas, FC Porto e Benfica deixarão sangue, suor e lágrimas no relvado do Estádio do Dragão. Vítor Pereira e os seus pupilos pretendem triunfar, ainda com esperanças de chagarem ao tricampeonato; Jorge Jesus e os seus jogadores querem arrumar já a questão do título nacional ou adiá-la com um empate, para assim chagarem à final de Amesterdão (quarta-feira), frente ao Chelsea, com os índices anímicos elevados.
O FC Porto está mais folgado: é indesmentível. Por seu turno, o Benfica pode chegar ao final da semana envolto em glória, ou mergulhado numa enorme desilusão. Por culpa própria. Muito se irá decidir. Como disse Luís Freitas Lobo, em entrevista ao Futebol 365, «a pressão é um estado de vida dos atletas de alta competição». Que assim seja. E que a bola role. Sem espinhas!
