Benfica: A renovação de Jorge Jesus e a estratégia do clube

Não há volta a dar. Qualquer organização desportiva vive de sucessos... desportivos. É a lei do desporto. Por muito que se seja equilibrado financeiramente ou que se tenha uma boa organização, se os resultados não forem positivos, muito dificilmente deixará de existir contestação. É o que acontece, neste preciso momento, com o Benfica.

O clube da Luz viveu uma época de sonho, mas acabou o final de temporada num verdadeiro pesadelo. A magia do futebol também é essa: passar do céu para o inferno num ápice. Quem anda no futebol sabe muito bem disso. Hoje somos heróis, amanhã somos vilões. Terá a estratégia do Benfica sido a mais adequada no que toca à renovação de Jorge Jesus? E terá Jorge Jesus escolhido o melhor caminho ao decidir ficar no Benfica?

Nas duas perguntas, a meu ver, a resposta é não. O Benfica, através da figura do seu presidente Luís Filipe Vieira, geriu muito mal a questão da renovação do técnico. Se a ideia era renovar com Jorge Jesus fosse qual fosse o desfecho da temporada, essa renovação deveria ter sido feita antes do momento das decisões, ainda para mais sabendo que o Benfica estava em todas as competições para vencer. Luís Filipe Vieira deixou arrastar uma situação que, após os desaires do final de época, se tornou insustentável, externa e internamente.

No caso de Jorge Jesus, o benefício de ficar no Benfica, nas situações atuais, é também ele muito reduzido. Penso que o treinador encarnado fez uma gestão errada da carreira. Muito dificilmente conseguirá repetir uma época semelhante a essa, mesmo não tendo ganho nada. Chegar dois anos seguidos à final da Taça de Portugal não é fácil e repetir uma final europeia é mais complicado ainda. Jorge Jesus ganharia em sair do Benfica e tentar uma aventura no estrangeiro, já que parece ter mercado fora de Portugal. Caso as coisas lá fora começassem a correr mal, Jesus teria sempre as portas abertas em Portugal... Seria uma forma de ganhar fôlego para novos projetos. Neste momento, o balão de oxigénio de Jorge Jesus no Benfica está muito vazio. Demasiado vazio.

O futuro dirá se tanto as opções de Jorge Jesus como do Benfica foram as mais adequadas. No entanto, um clube de futebol tem de ser gerido de outra forma. Não se pode contar com a sorte para ter sucesso. É preciso planear o futuro e reduzir os riscos de não se ser bem sucedido.

No futebol tudo muda muito rapidamente. Frequentemente é preciso saber agarrar as oportunidades que aparecem e não deixar arrastar situações que podem vir a prejudicar a estrutura (equipa, direção e adeptos). O sucesso e o fracasso estão, quase sempre, ao virar da esquina e muito próximos entre si. Convém estar preparado para ambos.

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