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FC Porto: A boa surpresa que está a ser Luís Castro

O atual treinador do FC Porto arrisca-se a ser uma das mais agradáveis revelações comunicacionais desta temporada. Para confirmar este estatuto, Luís Castro apenas precisa de manter o rumo que tem seguido. Isto acontece porque o caminho trilhado tem sido absolutamente coerente e consistente, sendo facilmente percecionado como natural.

FC Porto: A boa surpresa que está a ser Luís Castro

Luís Castro não está a cometer alguns dos erros que precipitaram a queda de Paulo Fonseca. O sucessor do ex-treinador dos dragões não está a representar um qualquer fraco papel imposto pela estrutura e/ou potenciado pela pressão inerente ao cargo. Quem viu o agora timoneiro dos portistas na formação secundária do FC Porto, quem leu as muitas e unânimes opiniões relativas ao seu perfil e quem o vê agora só pode ficar com a impressão de que não há ali nada de artificial. Não há ali nada que o menorize no domínio da comunicação. E este, como insistentemente temos referido, é parte de pleno direito da complexidade do futebol.

Ao contrário do que muitos supõem, um discurso inflamado não é necessariamente um sinónimo de boa comunicação. Como sempre acontece, não é possível avaliar o discurso, os atos ou os silêncios – porque tudo comunica – sem levar em consideração os contextos mais amplos, mas também os pessoais.

A propósito de Paulo Fonseca chegámos a criticar a mudança de postura que acompanhou a viagem de Paços de Ferreira para o Porto. O discurso passou a ser uma soma de lugares-comuns, sobretudo nos maus momentos. Dissemos ainda, em novembro do ano passado, que Paulo Fonseca estava a desperdiçar o palco comunicacional.

A figura interessante que tinha surpreendido o país com um sensacional 3.º lugar ao serviço do FC Paços de Ferreira estava a comunicar incoerentemente com a reputação que tinha criado. Como se torna óbvio, não ficamos surpreendidos com a trapalhada que envolveu o local e adversário do FC Porto na Liga Europa. A artificialidade esteve sempre presente e esta desorienta. Nunca o adágio ‘pela boca morre o peixe’ teve tanto sentido. A soma de tudo isto retirou peso à comunicação de Paulo Fonseca, mesmo nos discursos inflamados.

Em oposição, o estilo tranquilo de Luís Castro tem-se mostrado muito mais eficaz. Tendo já enfrentado o Benfica e o Sporting, a avaliação do técnico portista é francamente positiva. O treinador dos ainda campeões nacionais comunicou bem antes e após uma vitória incontestável frente ao primeiro, tendo estado igualmente a um bom nível após o jogo com o segundo. Neste último caso, mesmo tendo que lidar com um lance polémico validado contra a sua equipa, Luís Castro soube ser firme sem perder autenticidade. Que não haja dúvidas de que foi ele quem melhor saiu do jogo comunicacional que sucedeu ao último Sporting-FC Porto.

Num futebol normal, estas qualidades valeriam muito. Mas, por incrível que pareça, tudo aquilo que escrevemos até aqui pode, no fim de contas, jogar contra Luís Castro e a sua eventual manutenção no comando técnico do FC Porto, no próximo ano. O futebol português vive da guerrilha constante e para a guerrilha permanente. Os clubes são estruturas herméticas e o FC Porto talvez seja o clube mais impositivo no que à comunicação diz respeito. Daí que, ou os treinadores têm um perfil adequado, ou terão de forjar um. Como vimos até aqui, esta última hipótese pode ser problemática para os treinadores.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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