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Euro-2004: Mentalidade e orgulho nacional são os principais legados

O diretor do Euro2004, António Laranjo, assegurou hoje que o legado material da competição é notoriamente superado por aquilo que o país conquistou, com a mudança de mentalidades, a confiança e o orgulho da população.

Euro-2004: Mentalidade e orgulho nacional são os principais legados

Em entrevista à agência Lusa, a escassos dias de se cumprirem 10 anos do início da principal competição jamais realizada em Portugal, o então responsável pela competição enalteceu o “salto” que o país deu, encontrando “novas formas de resolver grandes eventos”, nomeadamente em dispositivos de segurança e emergência médica, numa transição que não foi fácil, por não ser comum na altura.

“Esses são legados materiais que existem, mas é na própria mentalidade das pessoas, que vai muito além das que estiveram diretamente envolvidas, é do povo em si, é de todos os que nos aeroportos, nos restaurantes, nos táxis... todos os que estiveram em contacto com essa mole humana que veio a Portugal e que este povo conseguiu acolher e acolher bem. É isso que fica efetivamente como legado do Euro2004”, explicou António Laranjo.

O Euro2004 deixou muito: “Podia estar aqui a falar das infraestruturas, dos estádios, dos centros de treino, dos hospitais, das vias de comunicação, da comunicação em si, mas há um legado muito maior do que esse que ficou nas pessoas, ficou no país, no respeito, na capacidade, no profissionalismo. Esse é efetivamente o legado que Portugal tem, que granjeou com eventos como o Euro2004, e que os portugueses têm sabido capitalizar na sua afirmação como povo por este mundo”, reforçou.

Para António Laranjo, a competição merece “um balanço efetivamente positivo”, sobretudo “pelas experiências pós-Euro2004”, conseguindo-se, agora, “olhar para trás e perceber o muito que se fez de bem, de bom, de correto e algumas coisas que podiam ter sido feitas de outra forma”.

“Quando hoje olhamos para o conjunto de estádios, que temos e que foram utilizados no Euro2004, por todos nós passa um sentimento de que alguma coisa mais podia estar a ser feita nesses mesmos estádios que não está. É evidente que os estádios vivem muito dos clubes que os utilizam, vivem muito da envolvente e aí, porventura, podia ter sido feito algo diferente do que foi feito, nalgumas situações”, realçou.

A “eterna” questão do número de estádios construídos para o Euro2004 resultou dos números apresentados na candidatura, que venceu a “corrida” ao primeiro Europeu do século XXI, em detrimento das propostas espanhola e austro-húngara.

“Podia ter sido feito com menos, mas não era a mesma coisa. Portugal candidatou-se com 10 estádios e ganhou a candidatura, numa altura em que países se candidataram com 13 estádios e nós tivemos a sorte, a fortuna, de termos sido os escolhidos. [Ao] olhar hoje, a esta distância, é uma das situações que poderia ter sido repensada. Mas, atenção, estamos a falar de 10 estádios novos, a posição da UEFA não é fácil, quando aposta num país sem um único estádio em condições de disputar sequer os quartos de final”, recordou.

Uma proposta com menos estádios poderia ter aumentado a pressão sobre a organização, segundo o então responsável.

“Ao longo de todo o processo alguma coisa podia ter corrido mal, algum estádio podia ter ficado pelo caminho, e se estivéssemos no limite inferior, obviamente, era um problema grave para a organização e muito mais grave para o país. Candidatámo-nos com 10, fizemos com 10, hoje, com a quantidade de estádios que temos, poderia ser feito com menos, porventura, com oito ou nove estádios”, admitiu.

Feitas as contas, Laranjo calcula um saldo positivo do Euro2004, muito por causa do empenho colocado na organização.

“Acho que a explicação está nas pessoas, naquilo que foi a entrega, a paixão com que cada um de nós viveu cada uma das tarefas que nos foram sendo dadas. No dia-a-dia, nas horas de sono perdidas, na alimentação muitas vezes inexistente, nas preocupações... mas sempre com uma alegria e uma paixão enorme por se poder fazer uma coisa que sabíamos que tinha de correr bem, dependia de nós correr bem”, concluiu.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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