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Euro-2004: «Memória perdura além do previsível», António Laranjo

António Laranjo, que dirigiu o Euro2004, admitiu hoje que a memória da competição futebolística está a perdurar “muito além do previsível” e atestou a capacidade de Portugal voltar a acolher um grande evento desportivo.

Euro-2004: «Memória perdura além do previsível», António Laranjo

Em entrevista à agência Lusa, António Laranjo recordou os elogios deixados no reencontro com o diretor de operações do Euro2004, Martin Kallen, e com outros responsáveis da UEFA por ocasião da recente final da Liga dos Campeões, disputada no Estádio da Luz, em Lisboa.

“É bom, quer com o Martin Kallen, quer com outras pessoas responsáveis da UEFA dessa altura, que ainda lá estão, ou com outras que até já saíram, que quando nos vemos têm palavras de simpatia, de agrado, mas acho que têm muito de sentimento e de realidade e isso agrada-nos muito, a quem esteve envolvido”, afirmou.

No entanto, a memória coletiva é algo que perdura, muito mais do que o antigo responsável esperava.

“Todos os que não estiveram diretamente envolvidos e ainda hoje conseguem ouvir estas palavras e saber que também eles fizeram parte, desde o trabalhador que esteve nos estádios, o público... o reconhecimento de pessoas da UEFA que têm passado em todos os eventos realizados e ainda hoje conseguem ter essa alegria de dizer, isso deve tocar a cada um dos portugueses, porque isso ficou feito, ficou marcado e está a durar muito além do que seria previsível”, referiu.

António Laranjo admitiu que a reação popular acabou por ser surpreendente e ficou a dever-se, em grande parte, à mobilização conseguida pela própria seleção nacional.

“No início, não esperávamos, como é óbvio, o acompanhamento que sentíamos da sociedade em geral ao Euro2004. Havia preocupação, porque sabíamos, claramente, que parte do sucesso dependia da mobilização que se conseguisse fazer da população. E é de norte a sul do país. Nós falamos da final da Liga dos Campeões e foi um evento muito centralizado em Lisboa, muito confinado a esta zona, o Euro2004 foi do norte ao sul, foi transversal”, explicou.

De acordo com António Laranjo, a mobilização também foi maior pelos “resultados da seleção” e pelo selecionador luso, Luiz Felipe Scolari e “a ligação que teve com o povo português”.

“A questão das bandeiras e todo o apoio que houve em torno da seleção catapultou o evento, a própria seleção”, explicou.

O antigo responsável recordou o dia 04 de julho de 2004, quando, após a vitória da seleção grega na final, permaneceu “com um sorriso nos lábios”, cumprimentando mesmo os convidados gregos.

“Estas são imagens que me ficam. Trata-se de colocar nas coisas o profissionalismo que elas exigem. É muito grato recordar mesmo os momentos de alguma desilusão que sentimos, quando efetivamente não ganhámos a final”, sublinhou.

Laranjo atestou a capacidade de o povo português se “mobilizar por causas em que acredita, por causas que lhes são explicadas e em que participa, acompanha e vive”, tal como o Euro2004.

“A seleção foi fundamental, o seu desempenho foi fundamental, os jogadores, a equipa técnica e o selecionador, mas eu acho que estamos preparados para voltar a ter um evento desses, assim que tivermos oportunidade. Hoje, faríamos melhor do que fizemos, seguramente”, realçou.

O antigo responsável considerou que “o contexto económico aguça o espírito, aguça o engenho, para se fazer mais com menos dinheiro, certamente, com melhores recursos, aproveitando melhor, com mais restrições”.

“É um desafio e eu acho que o povo português sabe responder bem a desafios. Eu quero acreditar que sim, já estivemos perto em algumas ocasiões. Não vai à primeira, não vai à segunda, mas vamos continuar a acreditar e a apostar que voltaremos a ter aqui na área desportiva, no futebol, ou noutras áreas eventos com a dimensão e a grandiosidade do Euro2004 e de outros que se passaram antes”, concluiu.

Os 31 jogos do Campeonato da Europa de 2004 foram disputados em 10 estádios, de oito cidades portuguesas, entre 12 de junho e 04 de julho, dia em que a Grécia conquistou a prova, ao vencer Portugal por 1-0, repetindo o triunfo do jogo inaugural (2-1).

Confira aqui tudo sobre a competição.

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