Mais de dez anos depois da inauguração do Estádio Algarve, os presidentes das Câmaras Municipais de Faro e Loulé admitiram que o equipamento representa um grande encargo mas não é um “elefante branco”.
“Diria que temos aqui um animal de grande porte, com algumas dificuldades transitórias, mas elefante branco não concordo, nem nunca concordei com essa expressão”, disse à Lusa o presidente do Município de Loulé, Vítor Aleixo.
Atualmente, os dois municípios têm uma despesa mensal na ordem dos 30 mil euros. Um número que o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, garantiu que disparariam para “70, 80 ou 100 mil euros mensais” se o estádio não fosse utilizado para vários eventos, como por exemplo o Rali de Portugal ou os jogos da seleção de Gibraltar.
Vítor Aleixo observou que a verba custeada atualmente “não é nada de extraordinário”.
“Estamos a falar em custos relativamente reduzidos na medida em que se consegue, com a atividade aqui desenvolvida, angariar receita”, consubstanciou Rogério Bacalhau, atestando a sustentabilidade do recinto “precioso” e que poderá ser melhor rentabilizado após a crise económica.
Construído para acolher o Euro2004, o Estádio Algarve está localizado em terrenos dos concelhos de Faro e Loulé, com recurso a fundos europeus e nacionais e com empréstimos bancários das autarquias.
Os “encargos com o serviço da dívida que nós ainda temos, ronda cerca de um milhão e meio a dividir pelas duas autarquias e mais cerca de 300 a 400 mil euros para a manutenção e funcionamento deste equipamento”, explicou Rogério Bacalhau.
Os autarcas de Faro e Loulé não negam que o Estádio Algarve é um desafio e um encargo financeiro no contexto atual e dizem estar a trabalhar em conjunto para conseguir atrair mais eventos e receitas.
“Vamos conseguindo, em parceria com Loulé, manter o equipamento, disponibilizá-lo para os eventos que são conhecidos e tentar trazer cada vez mais eventos para este equipamento”, explicou o autarca farense.
A concessão do Estádio é apenas uma das hipóteses em cima da mesa para o futuro do Estádio do Algarve, mas os autarcas de Loulé e Faro parecem apostar mais na promoção daquele equipamento desportivo para atrair o maior número de eventos possível e por essa via reduzir encargos e aumentar a sustentabilidade do mesmo.
Mesmo assim, os responsáveis municipais explicaram que os encargos com o Estádio foram reduzidos significativamente em 2010 com a extinção da empresa “Parque das Cidades” que geria o equipamento.
“Tínhamos uma equipa de 20 e tal pessoas a manter este edifício e um conselho de administração”, assinalou o presidente da câmara de Faro.
Vítor Aleixo recordou o momento em que, também na qualidade de presidente da Câmara de Loulé, colocou a primeira pedra do Estádio Algarve.
“Ao princípio foi tudo muito bonito, cor-de-rosa”, comentou, sublinhando que na altura “havia uma unanimidade nacional, para não falar regional, relativamente à construção e àquela candidatura”.
Passados dez anos, voltou a ser eleito para a liderança do município de Loulé e encontrou um contexto económico diferente.
“Ninguém teve na altura o dom da adivinhação e, por isso, aquilo que correu muito bem até determinando ponto, hoje é de facto uma estrutura pesada com problemas muito grandes, quer para o município de Faro, quer para o município de Loulé”, prosseguiu Vítor Aleixo, enaltecendo a qualidade do recinto.
Os dois autarcas revelaram abertura para a concessão do espaço a privados para a rentabilização do estádio, uma vez que os eventos “mitigam o peso financeiro”, mas são insuficientes.
“Não chega”, frisou Vítor Aleixo, admitindo que as duas autarquias não estão conformadas com a situação e continuam a procurar soluções.