O antigo guarda-redes da seleção portuguesa de Futebol Vítor Baía afirmou que durante o Euro2000 os jogadores sentiram que podiam ganhar, lamentando a injustiça da eliminação através de um ‘golo de ouro’.
“Tínhamos maior maturidade, mas aí ainda nos custou mais ser eliminados (do que no Euro1996). A partir dos quartos de final, sentíamos que ia ser o nosso campeonato da Europa”, disse, em entrevista à Agência Lusa.
Baía recordou um trajeto sublime de Portugal durante a fase de grupos da competição, que começou com uma vitória por 3-2 frente a Inglaterra, que esteve a vencer por 2-0.
“O jogo com a Inglaterra foi épico, algo extraordinário. Quando vi o 2-0 aos 15 minutos... Tivemos de dar o grito ao intervalo, porque as nossas vidas estavam em jogo, o nosso prestígio, e foi aí que se ganhou uma equipa, com espírito de superação, sacrifício e amizade. A partir daí, começou um campeonato da Europa extraordinário”, vincou.
Depois de derrotar a seleção inglesa, Portugal carimbou o acesso aos quartos de final com uma vitória por 1-0 frente à Roménia, resultado que deu “moral” para na última jornada derrotar, com as ‘reservas’, a Alemanha por 3-0.
“Com a Roménia, dependíamos do jogo para passar aos ‘quartos' e aquele golo nos últimos minutos veio na melhor altura. São esses jogos que acabam por dar moral. E até com a Alemanha, apesar de não estar nos seus melhores momentos, ganhar por 3-0 com os jogadores que tinham jogado menos já queria dizer muito e dar uma imagem que não eramos só 11, mas sim 23”, vincou.
Na fase a eliminar, Portugal encontrou a Turquia nos quartos de final e venceu por 2-0, com ‘bis' de Nuno Gomes, mas, ainda antes do intervalo e com o resultado em 1-0, a seleção turca teve oportunidade de empatar, mas Vítor Baía defendeu, já nos descontos, uma grande penalidade apontada por Arif, momento que o antigo guardião não esquece.
“Estávamos a ganhar 1-0 e foi um momento importantíssimo defender a grande penalidade um pouco antes do intervalo. Isso ajudou um pouco a equipa a acalmar e controlámos a segunda parte. Esse foi o meu jogo. Todos tiveram o seu momento e chegou o momento de marcar presença e também colocar a minha impressão digital nesse campeonato da Europa”, enalteceu.
Nas ‘meias', tal como no Europeu de 1984, a França voltou a ser o ‘carrasco' de Portugal, tendo vencido por 2-1 após prolongamento, com o golo decisivo a ser marcado por grande penalidade, por Zidane, num ‘golo de ouro’.
“Com a França, custou-nos. Tivemos o pássaro na mão, começámos muito bem, a ganhar, tivemos muito tempo a vencer o encontro, mas estávamos a jogar com uma França muito forte, que conseguiu o empate. O cabeceamento de Abel Xavier que o Barthez defendeu foi o momento do jogo, porque se marcássemos a final não nos ia fugir. No prolongamento foi azar e foi aí que sentimos que era injusto existir o ‘golo de ouro’”, lamentou.