O presidente da Câmara de Gondomar, Valentim Loureiro, considerou “injusta” a sentença que o condenou hoje a pena suspensa pelos crimes de abuso de poder e prevaricação, no âmbito do processo Apito Dourado.
Em declarações no final da leitura do acórdão, Valentim Loureiro disse que foi apenas solidário com José Luís Oliveira, vice-presidente da Câmara de Gondomar e presidente do Gondomar Sport Clube à data dos factos, e com problemas que ele lhe colocou, mas nunca nomeou árbitros ou procurou pessoas para o fazer.
O major disse aos jornalistas que não falou no decorrer do julgamento, mas “devia ter falado”, destacando que a condenação por abuso de poder e prevaricação “é apenas uma fase do processo”.
“Isto vai continuar”, acrescentou, numa alusão a um recurso.
Valentim Loureiro foi condenado hoje pelo Tribunal de Gondomar, no acórdão do Apito Dourado, a três anos e dois meses de cadeia, pena suspensa por igual período, por abuso de poder e prevaricação.
O abuso de poder foi penalizado com dois meses por cada um dos crimes e seis meses por prevaricação.
Tal como José Luís Oliveira, Pinto de Sousa, Tavares Costa e Luís Nunes da Silva, o major foi ilibado da acusação relacionada com o crime de corrupção.
José Luís Oliveira foi condenado a três anos de cadeia, pena suspensa, por corrupção desportiva e abuso de poder.
Já Pinto de Sousa foi condenado a dois anos e três meses, suspensa por igual período, por abuso de poder.
Segundo Valentim Loureiro, os gondomarenses “não têm que se envergonhar do seu presidente da Câmara” e anunciou que vai ser candidato a novas eleições. “E vou ganhar”, assegurou.
“Como se provou neste tribunal, nunca cometi qualquer corrupção em todo este processo, como foi dito nos últimos cinco anos”, afirmou.
O major referiu-se também à condenação por prevaricação, no caso da “Global Design”, o único pormenor do processo não relacionado com futebol, mas considerado o mais importante pelo próprio juiz-presidente Carneiro da Silva.
“É absolutamente incrível, face ao que aqui se provou, que os juízes considerassem que a adjudicação de uma obra em que beneficiei muito a câmara, seja considerada crime”, afirmou.
Em causa está, neste particular, a adjudicação alegadamente ilegal da elaboração de um boletim informativo do programa ''Urban II'' para o desenvolvimento sustentado da Triana, Areosa, Rio Tinto.
O advogado de Valentim Loureiro, Amílcar Fernandes, anunciou que vai recorrer do acórdão.
“Estava a contar com a condenação por abuso de poder, mas não pelo crime de prevaricação”, disse.
No caso do abuso de poder, a pena “é irrelevante”, acrescentou.