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Braga: Um quase, quase do tamanho da Europa

Artigo de opinião de Gil Nunes.

Braga: Um quase, quase do tamanho da Europa
Futebol 365

Ponto assente: já se sabe que o Braga não vai ganhar a Liga dos Campeões. A ideia também não é essa. A ideia passa, isso sim, por continuar um trajeto de desenvolvimento que se tem consolidado em Portugal como de referência. Pelo nosso burgo, só falta mesmo aos bracarenses garantirem o título. Que tem várias etapas. Não se ganha num só dia. Mas ganha-se pouco a pouco. No quase e quase dos dias.

Na Europa, o jogo com o Union Berlin revestia-se de particular importância. Em primeiro lugar pela perspetiva de qualificação para os oitavos de final da Liga dos Campeões que, não sendo propriamente fácil, também não é uma utopia. Não cai o Bom Jesus se o Braga vencer o Nápoles fora de casa. Depois, há uma segunda questão mais contextual: dar uma boa réplica em termos exibicionais sem os elementos-chave Bruma e Al Musrati, situação que se revelou como um desafio acrescido. Um Bojador que, apesar do empate, foi ultrapassado.

Porque o flashback tem de ser feito. Na temporada passada, na Luz, o Braga viu-se privado de Al Musrati e todo um castelo ruiu em torno da ausência de um dos seus pesos pesados. Há outros obstáculos emocionais a derrubar: na final da Taça de Portugal, diante do FC Porto, a obtenção da vantagem portista não consubstanciou um grito de fúria por parte dos arsenalistas. Pelo contrário, imagem de presa fácil que praticamente deu o título a um FC Porto mais habituado a estas andanças, e que naturalmente deixou a maré fluir a seu favor.

Por isso, contextos como este – Al Musrati e Bruma – são desagradáveis mas necessários. O novelo de ambos os jogos diante do Union Berlin trouxe um aliciante adicional: o Braga, por muito que as individualidades sejam menos sonantes, conseguiu ser muito superior ao Union Berlin. Na Pedreira, a coabitação de três médios – Moutinho, Vítor Carvalho e Zalazar – permitiu afogar o meio-campo alemão e trazer o jogo para zonas dianteiras bem mais confortáveis ao desempenho defensivo dos arsenalistas. Tudo isto com os laterais projetados no meio-campo contrário, para além de eficientes e frequentes mudanças do centro de jogo. E com um central esquerdino – Niakaté – que estava a ser dos melhores em campo em termos de construção efetiva de jogo a partir da primeira zona. E que levou um vermelho justo depois de uma entrada desnecessária. Que colocou o mundo do Braga ao contrário.

Nem é uma questão de se dizer que só acontece a quem lá está. Ao nível sénior, já se ultrapassou essa fase. Nem é uma questão de, também, se dizer que não foi por causa desse facto que o Braga empatou. E que, quando erra um, erram todos. Tudo romanticamente certo. A questão é outra: em partidas desta envergadura, num cenário de máximo rigor, erros destes não podem acontecer. Nunca. Nem que chovam picaretas, não se pode arriscar um cartão vermelho numa jogada inofensiva que decorre no meio-campo. Porque, a partir daí, aciona-se um mecanismo de emergência que, por muito afinado que esteja, nunca se revela tão fiável como o plano inicial.

Foi, por isso, uma exibição de dupla face: numa primeira fase um Braga pleno e organizado, com chegada à área e zonas de finalização, e com legítimas e amplas probabilidades de reter em casa os três pontos; já a segunda fase tem outra definição: a natural saída de Vítor Carvalho em prol de um central (Serdar) que, não tornando o Braga inferior, motivou um natural recuo (ainda assim com pressão alta sinalizada que resultou, por exemplo, no golo do empate) e a constatação de que os espaços a explorar tinham, por conseguinte, de ser mais remotos e ocasionais.

Se o empate sabe a pouco – Artur Jorge está repleto de razão quando refere que se não tivesse sido a expulsão o Braga teria vencido – há outra questão positiva a reter: mais uma vez, o Braga não foi esmagado nem humilhado, mantendo sempre um critério exibicional que foi digno e meritório, isto num grupo com natural predomínio do Real Madrid e do Nápoles, sendo que o Union Berlin não é nenhum crédito extra. Tarefa muito complicada.

Mesmo a jogar com dez – que motivou sobretudo o recuo de Zalazar – a equipa nunca se desagregou nem deixou de pressionar alto, tentando criar espaço para o desequilíbrio de Álvaro Djaló. Que está a ter a sua temporada de afirmação. Podendo jogar em qualquer lado do ataque, a sua preponderância assume uma positiva componente de risco: a finalização foi típica de jogador confiante, maduro, que não tem medo de assumir a responsabilidade quando a equipa mais dele precisa. Mesmo que seja no encalço de uma grande penalidade falhada que faz parte da sua natural trajetória de crescimento.

Que foi pena, lá isso foi. Os três pontos eram do Braga e de mais ninguém. Sobra, principalmente, um rumo e um caminho certo: crescimento das segundas linhas, consolidação de vários desenhos táticos e aquela capacidade de resposta às adversidades do jogo que só os grandes possuem: no ano passado, a resposta não teria sido tão efetiva. E, na estrada da Europa, o Braga segue a boa velocidade.

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