Euro-2004: Câmara de Aveiro quer envolver os privados no futuro do estádio

Em declarações à agência Lusa, Ribau Esteves assumiu estar "à procura de uma solução para o estádio que envolva parceiros privados credíveis, do ponto de vista institucional e financeiro", sendo de opinião que "uma câmara não é a entidade vocacionada para gerir estádios" de futebol.

"Queremos que o Beira-Mar seja o utilizador principal, como é óbvio, e queremos que a estrutura acionista da sua SAD nos garanta o interesse e seja o primeiro investidor na rentabilização desta infraestrutura", frisou o autarca.

Para viabilizar o estádio, o presidente da Câmara olha também como possível parceiro para o grupo Visabeira, acionista maioritário da sociedade anónima que detém a área do Parque Desportivo de Aveiro, em que o estádio está integrado.

"Vamos procurar em primeira linha com estas duas entidades privadas encontrar uma solução para dar vida a este estádio, para o rentabilizar e tratar dele, e que essa vitalidade seja indutora do crescimento do investimento de infraestruturas desportivas e de outras estruturas urbanas desse Parque Desportivo de Aveiro", afirmou.

Admitindo também diligências com outras entidades privadas "potencialmente interessadas", Ribau Esteves reconheceu que, na atual conjuntura, não é fácil, mas nem coloca a hipótese de demolir o recinto se a solução fracassar.

Nesse caso, a Câmara terá de assumir a administração direta do estádio, mas garantiu que não vai manter a atual situação.

"Não podemos continuar a ter uma empresa municipal com dois funcionários e depois estão cá 14 funcionários da Câmara a tratar disto", sublinhou.

Sendo claro o rumo que pretende seguir no futuro, o autarca prefere não avançar números quanto aos custos no presente, por existir” “um conjunto de contas mal cruzadas e mal contadas", que quer resolver até começar a nova época desportiva.

"A Câmara tem uma despesa diária muito grande, nomeadamente ao nível dos recursos humanos, com o funcionamento do estádio, e depois ainda temos outro tipo de despesas, num processo que estamos a procurar resolver com o Beira-Mar, que teve agora eleições para os seus órgãos sociais e a SAD que está num processo de estabilização. Só vou falar destes números completos quando me sentar à mesa com a nova SAD e com a nova direção do Beira-Mar e fecharmos um acordo, o que deverá acontecer antes de começar a nova época desportiva, para que a presença do Beira-Mar SAD seja legal, transparente e as contas sejam absolutamente claras", rematou.

Quando decorreu o Euro2004, Ribau Esteves esteve como a generalidade dos portugueses "a puxar pela seleção, vibrou na Luz com a vitória sobre a Inglaterra e sofreu no Dragão com a derrota frente à Grécia, mas estaria longe de sonhar em presidir a uma das câmaras mais endividadas do país.

Era à época presidente da Câmara de Ílhavo, vizinha de Aveiro, e recorda que, na altura, muita gente ficou contente por ver nascer um estádio daqueles na região, embora hoje a maior dívida do Município aveirense seja precisamente a que decorre da construção do estádio para o Euro2004.

"Quando começamos a verificar a rentabilidade financeira e todos os impactos que esta operação teve, pomos em causa essa opção, mas fazer exercícios para exorcizar o passado não tem qualquer interesse", reconheceu.

Quanto aos números, o autarca diz que têm de ser relativizados. A construção do estádio, com terrenos e acessos, custou cerca de 70 milhões de euros, dos quais o Município já só deve 25 milhões.

"Só quem está mal informado é que diz que o problema foi o estádio. A sua construção deu o seu contributo, mas está longe de ser o problema do Município, cuja dívida total é de cerca de 150 milhões de euros. Se a dívida fosse só esses 25 milhões por causa do estádio, eu seria um presidente de Câmara muito feliz", conclui.