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Ucrânia: Fernando Valente receia que patriotismo dos ucranianos acabe em massacre

Fernando Valente, antigo diretor da academia de futebol do Shakhtar Donetsk nos escalões mais velhos, disse olhar com “apreensão” para as imagens da guerra na Ucrânia, receando que o patriotismo das pessoas possa ser o seu fim.

Ucrânia: Fernando Valente receia que patriotismo dos ucranianos acabe em massacre

“As imagens da guerra causam-me enorme tristeza pelas pessoas fantásticas que conheci e os amigos que fiz para a vida. Fico de coração partido com a dimensão da tragédia e o sentido patriótico deles causa-me ainda mais apreensão, porque eles vão lutar até à última e isso poderá resultar num massacre e no seu fim”, disse Fernando Valente, em declarações à agência Lusa.

O técnico luso, de 62 anos, trabalhou sempre na capital Kiev, ‘casa’ emprestada do Shakhtar Donetsk desde 2014, quando separatistas apoiantes da Rússia invadiram a região, e não consegue desviar o pensamento da tragédia humana da guerra, dos amigos que lá deixou e, em particular, dos jovens talentos cujo futuro está agora em suspenso.

“Criámos laços muito fortes e continuamos a falar regularmente pelas redes sociais. Até ao momento, felizmente, nenhum deles está diretamente na guerra. Os piores momentos surgem quando falamos de locais que conhecíamos bem e depois vemos as imagens da sua destruição, temendo que as coisas ainda vão piorar”, revelou.

Quase um ano depois de ter deixado a Ucrânia, e por mais voltas que dê à memória, Fernando Valente, que no Shakhtar coordenou os escalões de sub-17, 19 e 21, não consegue encontrar razões para a invasão russa.

“Alguns colaboradores do Shakhtar com familiares em Donbass [região fortemente industrializada no leste da Ucrânia e da qual fazem parte Donetsk e Luhansk, no centro desta crise] davam conta de alguma tensão, mas daí a isto nunca se pensou. Aliás, russos e ucranianos sempre se deram bem, eram um povo irmão, ainda mais no plano desportivo”, recordou.

Fernando duvida agora que o “valente povo ucraniano”, composto por “gente simpática, muito solidária e com enorme coração”, consiga esquecer a agressão russa.

O técnico luso lembrou que “as marcas vão ser profundas”, tendo em conta o “nível de destruição das cidades e do próprio país” e “os tremendos danos emocionais causados”, contrapondo, pela positiva, com o papel agregador de Volodymyr Zelenski, presidente da Ucrânia.

“Percebia-se que o desenvolvimento era limitado quando nos aproximávamos do sul e leste do país, na zona de maior tensão, mas a sua mensagem positiva e de coragem de querer um país mais moderno e livre, voltado para o desenvolvimento e mais próximo da União Europeia, levou-o ao poder. Ele não era político, mas conquistou o povo e, sinceramente, não imaginava que tinha esta capacidade de mobilização”, referiu.

Valente lamentou não ter uma solução para o conflito, mas criticou a resposta do ocidente, subscrevendo a declaração de Guardiola, que partilhou nas suas redes sociais, denunciando, sobretudo, a “hipocrisia de quem vê o que se passa e nada faz, dos que criticam e mantêm negócios, deixando o povo ucraniano à sua sorte”.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

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