O clima de tensão e de contestação é cada vez maior nos corredores da Luz. Depois de ter falhado a final da Taça da Liga, bem como a sua presença no Jamor, o Benfica arrisca-se a terminar a época apenas com um troféu na bagagem, a Supertaça Cândido de Oliveira, e a desilusão que paira entre os adeptos benfiquistas é notória.
"Eu concordo com o Schmidt. Aquele tipo de contestação não fazem o menor sentido", assumiu Diogo Luís.
Se no início da época Roger Schmidt era adorado na Luz, muito por culpa da performance das águias na época transata, onde amealhou o título de campeão nacional e assumiu um papel de destaque na Champions, tendo caído apenas nos quartos de final, esta temporada o cenário tem sido bem distinto, com a contestação ao técnico alemão a subir de tom.
Prova disto foi o último encontro do Benfica para o campeonato onde, embora tenha vencido de forma confortável e convincente o Farense, Schmidt não escapou à ira dos adeptos que se deslocaram a Faro e, no meio de muitos assobios e ofensas, o técnico alemão chegou mesmo a ser atingido por uma garrafa de água.
No final do encontro diante do Farense, onde o Benfica venceu por três bolas a uma, o técnico das águias reprovou o comportamento das bancadas, afirmando não perceber as criticas após uma vitória.
"Eu sei que não posso mudar isso, mas o que quero dizer é que precisamos dos nossos adeptos, de adeptos positivos, que amem o Benfica, que nos apoiem. Não precisamos deste tipo de pessoas: que fiquem em casa", disse o técnico das águias.
Face ao clima de tensão que se vive atualmente e ao escalar das criticas na Luz, Diogo Luís, antigo jogador do Benfica e agora comentador desportivo, criticou o comportamento dos adeptos encarnados em Faro, como também reprovou as palavras do treinador alemão no final do encontro.
Em declarações na CNN Portugal, o antigo lateral das águias destacou que a direção do Benfica, liderada por Rui Costa, está a cometer um grave erro ao deixar, na ótica de Luís, Roger Schmidt 'arder sozinho em praça pública'.
"Parece-me que estão a deixar Roger Schmidt arder sozinho na praça pública, que eu acho que é um erro crasso. É uma forma de descartar um pouco aquilo que, para eles (direção), é considerado o alvo da época menos positiva que o Benfica está a ter", começou por dizer o agora comentador desportivo.
Apesar de reconhecer um claro clima de instabilidade na Luz, culminando na ira dos adeptos em Faro, Diogo Luís concordou com Schmidt em relação à forma inaceitável como o protesto foi feito, salientando que certos comportamentos não devem ser tolerados em estádios de futebol.
"Eu concordo com o Roger Schmidt. Aquele tipo de contestação, às ofensas, a tirar garrafas, não fazem o menor sentido e não deviam ser permitidos dentro dos relvados. E os clubes iam fazer com que os seus adeptos não tivessem este tipo de comportamentos", destacou Diogo Luís.
No entanto, o antigo jogador português também defendeu o direito dos adeptos expressarem a sua insatisfação de forma respeitosa, como assobiar a equipa em determinadas situações, frisando que a critica faz também com que as pessoas percebam que o caminho que estão a seguir, se calhar, não é o mais correto.
"Dentro do estádio, eu acho que os adeptos podem assobiar a sua equipa, desde que com o devido respeito", observou, antes de explicar o seu ponto de vista.
"Se não faltarem o respeito a ninguém, estou a demonstrar a sua insatisfação com aquilo que está a ser feito. E desse ponto de vista, eu acho que se está a criar também aqui uma mensagem de que quem critica não é do clube, eu não concordo. Eu acho que a crítica também faz com que as pessoas percebam que não estão no caminho certo", acrescentou.
Perante os insultos de que foi alvo, Schmidt pediu para que os críticos fiquem em casa no próximo encontro diante do Sp. Braga, tendo pedido apenas o apoio dos que amam verdadeiramente o Benfica.
Algo, recorde-se, que o técnico já havia feito, aquando do jogo da primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões frente ao Marselha, onde o Benfica venceu pela margem mínima na Luz.
Face a este pedido do técnico alemão, Diogo Luís frisou que o fato de Schmidt ter voltado a tocar neste tema poderá aumentar a ira dos adeptos encarnados e relembrou que o jogo menos conseguido em solo francês, na segunda mão da prova milionária, nada teve a haver com os assobios da Luz.
"O facto de voltar a dizer para os adeptos ficarem em casa, àqueles que assobiam a equipa, como assobiaram um jogo contra a Marselha e levaram sensações negativas, os jogadores não levam sensações negativas para a Marselha. Os jogadores chegaram lá e não estavam preparados para aquilo que encontraram pela frente", enfatizou Luís.
"E, portanto, o facto de o Roger Schmidt voltar a bater neste tema, o que é que faz? Faz com que esteja a criar uma bola de neve ainda maior", observou.
Por fim, Luís alertou para a necessidade de Schmidt estabelecer uma relação empática com os adeptos e evitar alimentar a tensão que se faz sentir na Catedral, afirmando não perceber o porquê de ninguém da estrutura dos encarnados ter orientado ainda o técnico alemão quanto à sua postura perante os sócios do Benfica.
"E o que eu não percebo é, não há ninguém que chegue ao pé do Roger Schmidt e lhe diga o seguinte, olha, você tem contrato até 2026. Se vai continuar com esta retórica, a sua situação vai piorar e a dos seus jogadores vai piorar", destacou o ex-jogador.
"Portanto, não está fácil, pode ter razão em muitas coisas, mas não fale dessa forma dos adeptos. Tem de criar uma empatia com os adeptos. E se não for o Roger Schmidt a fazer isso, alguém da administração tem que fazer", rematou Diogo Luís.