"O Benfica estava a jogar contra quem? Contra o Real? Schmidt vive uma realidade paralela"

"Se fechasse os olhos, e estamos na 27ª jornada, não conseguiria dizer qual é esta conferência de imprensa", criticou Diogo Luís.

A expectativa estava alta para os adeptos encarnados, ansiosos por uma vitória que os aproximasse ainda mais do topo da tabela classificativa.

Apesar da resistência flaviense, coube a João Neves garantir os preciosos três pontos para as águias. O médio, que tem vindo a ganhar destaque sob a orientação de Roger Schmidt, foi o autor do único golo do encontro, marcado aos 68 minutos, num momento crucial para a equipa da Luz.

Após o apito final, Roger Schmidt analisou o desafio, destacando a necessidade de "muita paciência" para penetrar na defesa adversária.

Schmidt elogiou o desempenho da equipa nos primeiros 80 metros do campo, mas reconheceu que houve falhas nos momentos cruciais de finalização.

"Cada vitória é importante. Foi um desafio especial, e fizemos um jogo de topo nos primeiros 80 metros, com pressão", começou por dizer o técnico germânico, na conferência de imprensa pós-jogo.

"Infelizmente, nos últimos 20 metros, falhámos um pouco em termos de eficiência. Mesmo assim, tivemos muitas oportunidades claras, falhámos três penáltis e tivemos capacidade para vencer o desafio sem sofrer golos, o que é um sinal muito bom", disse ainda Schmidt.

No rescaldo do jogo, Diogo Luís, antigo jogador português e agora comentador desportivo, expressou uma opinião crítica sobre o desempenho do atual campeão nacional diante do Chaves e ainda sobre as declarações de Schmidt.

"O Benfica nem precisou de criar oportunidades de golo, as oportunidades foram dadas"

Em declarações na CNN Portugal, o antigo lateral das águias sugeriu que o treinador alemão pode estar desconectado da realidade do jogo, ao repetir constantemente o mesmo discurso elogioso para com os seus jogadores, independentemente do desempenho da equipa.

"Eu, se fechasse os olhos, e estamos na 27ª jornada, com exceção do jogo com o FC Porto e com o Boavista, não conseguiria dizer qual é esta conferência de imprensa, porque eu ouço sempre a mesma coisa. Jogadores de parabéns, fantastic players, abordagem fantástica, inúmeras ocasiões de golo", começou por criticar Diogo Luís.

"Eu estou sempre a dizer, eu acho que é uma realidade paralela que o Roger Schmidt vive. Ontem ainda acrescentou um ponto interessante, é que nos primeiros 80 metros esteve muito bem, só faltam os últimos 20 metros, mas onde é que se marcam golos?", questionou o agora comentador.

O ex-jogador do Benfica também questionou a abordagem de Schmidt, destacando a falta de criatividade ofensiva e a aparente desconexão entre as observações do treinador e a realidade do jogo.

"E o Benfica estava a jogar contra quem? Contra o Real Madrid ou contra o Chaves? O Chaves é a defesa mais batida do campeonato, o Chaves é o ataque menos concretizador do campeonato, está em último classificado", acrescentou.

"Eu acho que cada vez mais, o jogo de ontem é o reflexo da época toda do Benfica, foi um jogo igual a tantos outros. No limite até foi mais caricato, porquê? Porque o Benfica nem precisou de criar oportunidades de golo, as oportunidades foram dadas", frisou o comentador.

Diogo Luís enfatizou ainda a falta de coerência nas opções táticas e na comunicação do clube, apontando para um clima de confusão que afeta tanto os adeptos quanto a equipa.

"Eu acho que o Benfica este ano vive uma confusão autêntica, uma confusão nas opções do Roger Schmidt, nas conferências de imprensa, na comunicação", criticou, antes de se justificar.

"Porque não nos vamos esquecer que contra o Vizela, contra o Portimonense não houve conferências porque o Benfica jogava 3 em 3 dias, mas agora de repente o Benfica já joga 3 em 3 dias e já há conferências de imprensa", lembrou Luís.

"Enfim, coisas que ninguém sabe explicar e não consegue explicar. E depois tem um treinador que vê coisas que mais ninguém vê. E é isso que acaba por alarmar muito os adeptos", rematou.