UEFA: Cunha Rodrigues surpreendido e cativado com convite de Michel Platini

Em entrevista à agência Lusa, o antigo Procurador-Geral da República admite que não conhecia o presidente da UEFA, Michel Platini, e considera que o convite teve em conta “o papel e a importância do futebol como desporto, atividade económica, espetáculo e fator de coesão social.”

“A mim, fascinou-me particularmente a ideia de, num domínio que ocupou a minha vida ativa, a justiça, poder continuar ao serviço da comunidade. Sobretudo a oportunidade de trabalhar com um direito que está para além das ‘leis’ criadas por instituições oficiais”, explica o juiz do Tribunal de Justiça da União Europeia.

Para Cunha Rodrigues, as futuras funções na UEFA procuram “disciplinar uma das poucas atividades que interessa transversalmente toda a sociedade e que, em tempos de crise, consegue ainda mobilizar a vontade, o sentimento de pertença e as emoções de todos, intelectuais ou iletrados, pobre ou ricos”.

Sobre o organismo que passará a presidir em Outubro, Cunha Rodrigues salienta que “a UEFA apostou muito nesta nova estrutura, que separa, com bom fundamento, as competências de investigação e de decisão”.

No topo da pirâmide estará a aplicação dos regulamentos da UEFA sobre o licenciamento e o “fair play” financeiro, uma das “bandeiras” de Michel Platini e que tentará disciplinar os orçamentos dos clubes.

“A função da instância é jurídica: observar e fazer observar as regras de direito. Falo em direito em sentido amplo, compreendendo disposições e princípios jurídicos estabelecidos pelas ‘leis’, alguns provenientes do direito da União europeia, e normas internas, que podem ter como fonte a ética ou o ‘fair play’ desportivos”, exemplifica Cunha Rodrigues.

Insistindo que, até iniciar as novas funções, continua sujeito a “uma obrigação estrita de reserva”, sempre acrescenta que “os regulamentos da UEFA serão provavelmente atualizados para responder a novos desafios”.