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De 'Pipo' a Filipe Barros e com confiança renovada

Filipe Barros foi figura de proa na formação do FC Porto e tem um registo de golos que ainda é recorde no Olival. Subiu a sénior e o destino foi o Santa Clara onde numa primeira fase foi feliz, mas, depois, não se conseguiu impor e o destino acabou por ser o Chipre, com o Akritas Chiorakas.

De 'Pipo' a Filipe Barros e com confiança renovada

De mal a pior, com ilusões e promessas falhadas, regressou a Portugal e chegou ao FC Famalicão, jogando ainda, na época passada, pelo GD Ribeirão. Aos 22 Anos, o 'Pipo' que agora quer ser Filipe Barros, tarda em se afirmar no futebol português: de figura de cartaz da formação do FC Porto e de internacional pelos escalões mais jovens de Portugal, este jovem procura agora o 'lugar ao sol' com que sempre sonhou.

O Futebol 365 esteve à conversa com um jogador ainda jovem e ambicioso, que chegou a ser mencionado como um prodígio do futebol português. Ainda hoje, é frequentemente lembrado pela sua veia goleadora ao serviço da formação do FC Porto, onde ostenta um recorde de mais de 500 golos em todos os escalões.

F365: Como começou a sua aventura no futebol?

Filipe Barros: Começou aos oito anos, ao serviço do FC Cristelo, clube da minha terra natal. A minha família sempre esteve ligada ao futebol e eu herdei essa paixão.

F365: Em 2002-03 saiu do FC Cristelo para o FC Porto. Ainda se lembra do que sentiu no primeiro dia em que vestiu a camisola azul e branca?

Filipe Barros: Embora as memórias se vão apagando, lembro-me perfeitamente que foi uma enorme satisfação e um enorme orgulho estar a jogar por um clube com a dimensão do FC Porto. Foi o concretizar de um sonho.

F365: E do adversário a quem fez o 1.º golo com a camisola do FC Porto. Ainda se recorda?

Filipe Barros: Sim. A nível oficial foi ao Folgosa da Maia, felizmente logo no primeiro jogo.

F365: Vários foram os títulos conquistados com a camisola do FC Porto. Recorda-se de algum em especial?

Filipe Barros: Além de dois títulos distritais e vários torneios ganhos, tenho de realçar sem dúvida os três títulos nacionais: iniciados, juvenis e juniores. Tive o prazer de jogar ao lado de grandes jogadores e excelentes treinadores que me incutiram sempre vontade de vencer.

F365: E qual foi o golo que mais o marcou enquanto jogador da formação do FC Porto?

Filipe Barros: Felizmente marquei alguns golos importantes. Tenho dois momentos marcantes, por motivos diferentes. Um deles foi, na altura, o golo que deu o título de iniciados, pois com aquele tento ficamos em vantagem e felizmente conquistei o meu primeiro campeonato nacional. O segundo foi quando era juvenil de primeiro ano e fui chamado para jogar pelos juniores. Com jogadores mais velhos três anos, pensei que ia para 'fazer número', mas o jogo não estava a correr bem e entrei com o resultado empatado a uma bola. Marquei dois golos e acabámos por ganhar 3-1.

«Fiz o suficiente para ter oportunidade na equipa principal do FC Porto»

F365: Muitos anos e muitos sonhos enquanto jogador de formação foram-lhe passando pela cabeça. Como reagiu ao saber que não ficaria no plantel principal do FC Porto?

Filipe Barros: Apesar de saber que em Portugal é quase impossível jogadores da formação chegarem à equipa principal de um 'grande', a esperança sempre esteve lá. Foi com muita tristeza que encarei essa notícia, pois sinto que fiz o suficiente para ter uma oportunidade. Os estrangeiros parecem ter sempre prioridade, mas felizmente esta tendência tem mudado.

F365: Como se sentiu no primeiro jogo sem a camisola do 'seu' FC Porto?

Filipe Barros: Acabei por sair para o Santa Clara, onde fui muito bem recebido: pelo grupo, direção e equipa técnica. Falando de futebol, aconteceram coisas estranhas e que até hoje não percebi. Nunca em cerca de oito meses treinei ou joguei na minha posição de raiz. Apesar disso, fui jogando até há 7.ª jornada, onde marquei o meu primeiro golo como sénior. Depois desse golo estive três meses sem jogar. Mesmo treinando sempre nos limites. Nunca percebi esta opção. Mesmo sem jogar, não perdi a confiança do selecionador dos Sub-20 e era uma presença assídua.

F365: Desilusão no Santa Clara e uma incursão pelo futebol cipriota ao serviço do Akritas Chiorakas. Como correu essa experiência?

Filipe Barros: A minha passagem pelo Chipre foi bastante má. Promessas nunca cumpridas, mentiras acerca do clube. Em suma, pintaram-me o céu e fui para uma espécie de inferno. Apesar disso, fiz bons amigos, mas é uma experiência para não mais repetir.

F365: O regresso a Portugal foi rápido e, de figura de cartaz da formação do FC Porto, acabou por cair na 2.ª Divisão, no FC Famalicão…

Filipe Barros: Sim. Acabei por regressar a Portugal para jogar no histórico FC Famalicão, onde fui bastante feliz. Gosto do clube, as pessoas gostavam de mim e consegui fazer bons jogos. Acima de tudo, consegui jogar com prazer, algo que me faltava há muito. Foi uma boa etapa, talvez a primeira da minha ainda curta carreira. De tal forma que culminou com a chamada à seleção Sub-21 de Portugal.

F365: Na última época acabou por jogar no GD Ribeirão, que teve um ano muito complicado. Mesmo assim manteve-se até ao final, garantindo mesmo a manutenção do clube no CNS. Porquê?

Filipe Barros: O projeto era bastante aliciante e fez-me trocar o FC Famalicão pelo seu maior rival na altura, o GD Ribeirão. Infelizmente, quase tudo correu mal: treinador despedido na primeira jornada e sinal de que algo não estava bem. Depois fomos de treinador em treinador, com quatro no total, e todos me marcaram, seja de forma positiva ou negativa. Mesmo com quase metade do plantel dispensado, mais de cinco meses de ordenados em atraso e mesmo faltando um elemento da direção para dar a cara, nós, os jogadores, fomos uns heróis, porque, apesar tudo, e com quase duas equipas diferentes, conseguimos a manutenção.

F365: Parece claro que o seu percurso sénior não tem sido fácil. Encontra alguma explicação para este 'fado'?

Filipe Barros: Sim, realmente não tem sido fácil. Há momentos em que duvidamos de tudo, mas o gosto pela modalidade e o sonho faz-me continuar. Certamente, também sou responsável por algumas decisões que tomei e por acreditar em pessoas que quiseram de alguma forma tomar conta da minha carreira desportiva, mas não foram capazes. No fundo, tem sido uma montanha russa com muitos baixos e com poucos altos, mas estou aqui e vou continuar a trabalhar para chegar ao topo novamente. Espero em breve abraçar um projeto que me leve para outros patamares.

De 'Pipo' a Filipe Barros

F365: Quer dizer que acabou o 'Pipo' e começou o Filipe Barros?

Filipe Barros: Não quero carregar o peso de ter que ser um jogador que tinha uma equipa com os melhores jogadores escolhidos por um grande clube e com as grandes condições de que dispunha o 'Pipo'. Hoje o Filipe Barros precisa de começar do zero. Para mim, esta época será o ano zero. Acredito que encontrei as pessoas certas para gerirem a minha carreira e é com esses que vou iniciar uma nova fase da minha vida desportiva. Daí abdicar da alcunha de 'Pipo'. É hora de olhar o presente e o futuro com outros objetivos e, com 22 anos, posso ainda sonhar em chegar à I Liga e, quem sabe, voltar à seleção de Portugal.

F365: Ainda há pouco tempo surgiram rumores de que estaria a caminho do futebol francês. Pode confirmar?

Filipe Barros: Relativamente a isso apenas posso dizer que me foi apresentada uma proposta, mas por uma razão ou por outra não se concretizou. Até porque, sinceramente, já estava com este novo projeto na cabeça e achei melhor ficar em Portugal.

F365: Então onde jogará na próxima época?

Filipe Barros: Teria todo o gosto em vos dizer, até pelo carinho que foi colocado nesta reportagem, mas tudo será mantido em segredo. Apenas posso dizer que será em Portugal, num clube de gente humilde, mas com um projeto em que o atleta Filipe Barros será mais um para ajudar. Sem ter que ser o 'Pipo' a resolver… Quero-me sentir livre para poder colocar em campo todo o meu potencial.

F365: Podemos concluir que estamos diante de um novo jogador?

Filipe Barros: O jogador e a qualidade mantém-se. A vontade de disputar cada bola será a dobrar e quero fazer de cada treino um jogo. Agora a politica de imagem fora do campo é que será outra. Após várias reuniões com as pessoas que vão gerir a minha carreira daqui para a frente, esta foi a decisão tomada por todas as partes. Acredito que desta vez vamos mesmo pelo caminho certo.

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