Enquanto os holofotes se voltam para os novos reforços, é impossível não notar a transformação tática implementada por Roger Schmidt no Benfica, com destaque para a adaptação de Fredrik Aursnes para a lateral direita.
"Há duas formas de olhar para o jogador polivalente"
O norueguês, originalmente considerado um médio centro, tem surpreendido pela sua versatilidade e inteligência em campo. Aursnes foi esta época adaptado à posição de lateral direito, enquanto Morato assumiu o lado esquerdo da defesa encarnada.
Com Bah a caminho do regresso à competição e Álvaro Carreras, lateral espanhol recém chegado à Luz proveniente do Granada CF, a conquistar os primeiros minutos com a camisola das águias, especula-se sobre possíveis mudanças na defesa que tem como grandes pilares Otamendi e António Silva, o que poderia levar a alterações no esquema tático da equipa de Schmidt.
Carlos Freitas, ex-dirigente de vários clubes portugueses e internacionais, reconhece a importância da versatilidade de jogadores como Aursnes e Morato numa equipa moderna.
Freitas destaca a inteligência tática desses jogadores, comparando-os ao estilo de Jorge Jesus, e salienta que a polivalência não deve ser vista como uma limitação, mas sim como uma valiosa qualidade que pode ser explorada pelo treinador para melhorar o desempenho da equipa.
"A mim revela outra coisa positiva. Há duas formas de olhar para o jogador polivalente: uma é muita gente dizer que está ali para desenrascar, mas muitas vezes isso é pedido a jogadores com grande conhecimento do jogo, com inteligência tática para ocupação de espaços, e com capacidade para ler aquilo que o jogo está a pedir, como diria o nosso amigo Jorge Jesus", começou por dizer, em declarações no Canal 11, citado pelo 'Bancada.pt'.
No entanto, as opções táticas de Roger Schmidt têm sido alvo de críticas por parte de alguns adeptos e analistas, especialmente em relação à incessante procura por laterais com um perfil ofensivo semelhante ao de Cafú e Roberto Carlos, ex-jogadores brasileiros que marcaram uma era no futebol mundial.
"Eu acho que aquilo que se pede hoje em dia é que o Benfica tenha dois laterais tipo Cafú e Roberto Carlos, com grande propensão ofensiva porque se trata do Benfica e tem de cavalgar sobre o adversário", acrescentou o antigo dirigente.
Freitas ressalta ainda a importância do equilíbrio na equipa encarnada, especialmente em situações de perda de bola, onde o perfil dos jogadores pode afetar a capacidade defensiva da equipa que trabalha sob a tutela de Roger Schmidt.
"Ora, se somarmos dois laterais com esse perfil, ao perfil de João Neves e Kökçü, mais Di María, Rafa e João Mário. No momento da perda, o problema vai-se acentuar, acho eu. E acho que essa questão é que é uma questão de equilíbrios", rematou.
Roger Schmidt continua a não gerar consenso na Luz e a ser alvo de escrutínio por algumas das suas opções táticas, principalmente por figuras ligadas ao emblema da Luz, como é o caso de José Calado, que afirmou que os adeptos benfiquistas 'têm sido muito tolerantes' com o técnico alemão
No entanto, a adaptação bem-sucedida de Aursnes para a lateral direita representa não apenas uma prova da sua visão estratégica, mas também uma demonstração da qualidade e da versatilidade dos jogadores do Benfica.