O Benfica sofreu na passada quinta feira um duro revés na sua jornada europeia, ao ser eliminado pelo Marselha nos quartos de final da Liga Europa.
"No Benfica, aprendi que há uma cultura de pouca margem para quem não ganha", observou antigo jogador e figura respeitada no universo benfiquista.
A derrota nos penáltis por 4-2 marcou o fim da caminhada do clube encarnado na segunda competição de clubes mais prestigiada da Europa, deixando um gosto amargo nos adeptos benfiquistas e levantando questões sobre o futuro do treinador Roger Schmidt no comando da equipa na próxima temporada.
A partida contra o Marselha era crucial para as aspirações do Benfica, já que um empate seria suficiente para garantir a passagem às meias-finais da competição.
No entanto, a equipa encarnada não conseguiu manter a vantagem mínima conquistada na primeira mão e acabou por dizer adeus à Liga Europa.
Contudo, e para desagrado dos fervorosos adeptos benfiquistas, a eliminação na Liga Europa não foi um único objetivo da época falhado pelos pupilos de Schmidt, uma vez que a equipa da Luz já havia sido eliminada nas meias-finais da Taça da Liga, diante do Estoril, e da Taça de Portugal, frente ao Sporting.
A falta de sucesso nas competições internas, aliada à eliminação europeia, aumentaram ainda mais a pressão sobre Roger Schmidt e levantaram dúvidas sobre a sua continuidade no comando técnico das águias.
António Simões, figura lendária do Benfica e respeitada no panorama do futebol nacional, partilhou recentemente a sua visão sobre a situação atual do clube e as decisões que a direção, liderada por Rui Costa, terá que tomar em relação ao treinador alemão.
Simões reconhece que a situação é extremamente desagradável e que há uma pressão significativa sobre Schmidt, mas destaca que a decisão final cabe à estrutura do clube.
"Diria que há uma bola de neve que cresceu. A questão é o custo que isso implica. Quem tem de resolver isso é quem está no clube. Nós não sabemos muita coisa, só estamos a ver, e o que se vê é uma situação extremamente desagradável", começou por dizer o ex-internacional português, em declarações ao jornal 'A Bola'.
"O treinador está a levar com tudo, é o mais frágil e está a levar com as culpas todas. Mas é só o senhor Roger Schmidt o responsável de tudo o que tem acontecido? É uma pergunta que tem de se fazer, mas terá resposta?", questionou António Simões.
O ex-jogador e dirigente encarnado também refletiu sobre a cultura do Benfica, onde a exigência para alcançar o sucesso é alta e a margem para insucessos é reduzida.
"Ninguém gosta de ver o insucesso a que estamos a assistir, e tomar decisões sobre o treinador nunca é uma situação agradável, é sempre por razões de insucesso, mas a estrutura que o contratou é que tem de tomar a decisão, não somos nós que estamos de fora", observou Simões.
"Mas do que vemos, o que os olhos veem é que há qualquer coisa que não está bem", acrescentou.
No entanto, António Simões ressaltou a complexidade da situação e a importância de se tomar decisões ponderadas em momentos de pressão como este.
"Neste momento, qual é o benefício do prejuízo? Ou seja, se o Benfica manda Roger Schmidt embora, tem de pagar. Se não tiver condições, que tomem a decisão, mas é uma pressão enorme", reconheceu o antigo jogador português.
"No Benfica, aprendi ao longo do tempo que joguei e fui dirigente que há uma cultura de pouca margem para quem não ganha. E assim sendo, claro que depois parece quase um cemitério para os treinadores, e é preciso ter algum cuidado com isso", rematou António Simões.