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Selecção Sub-20: Um balanço da prestação a partir das marcas

A afirmação das marcas começou graças a uma premissa muito simples: um produto de marca era sinónimo de consistência, de previsibilidade. Comprar um detergente de marca significava comprar a garantia de homogeneidade. O produto de hoje seria igual ao de ontem e o de amanhã não seria diferente. Num artigo de marca não havia lugar para as surpresas desagradáveis, para a aleatoriedade. Estávamos, portanto, no puro domínio da regularidade.

Selecção Sub-20: Um balanço da prestação a partir das marcas

Atualmente, as marcas já não são apenas isto, ainda que não possam negligenciar a importância da consistência. De acordo com Wally Olins, uns dos mais influentes nomes do branding, a coerência e a consistência são os pilares da gestão de marca. Levando esta lógica para o futebol, seria expectável que na identidade de um clube ou selecção, bem como no seu modelo de jogo, estes dois princípios estivessem refletidos.

Se atentarmos no caminho seguido pelo Barcelona nos últimos anos, vemos esta lógica aplicada. O mesmo podemos dizer do reinado de Sir Alex Ferguson no Manchester United, já que a reinvenção das sucessivas equipas, ao longo de cerca de 27 anos, se fez sob o lema de revolução pela continuidade. Contudo, se analisarmos a campanha da selecção Sub-20 no Mundial da Turquia pelo prisma das marcas, chegaremos a conclusões algo diferentes.

A seleção orientada por Edgar Borges chegou à competição como finalista vencido da última edição do torneio (Colômbia, 2011). As expetativas eram altas, até porque se identificava uma superior qualidade individual desta equipa face àquela que se sagrou vice-campeã.

Logo na fase de grupos, em que Portugal conseguiu duas vitórias e um empate, marcando dez golos e sofrendo quatro, ficou patente a forte dissonância entre as duas formações que estamos a abordar. As qualidades de uma eram os defeitos da outra. A mesma relação inversa se aplicava às fragilidades. Havia tudo, menos coerência e consistência. A selecção de Ilídio Vale vivia do coletivo e da solidez defensiva, virtudes às quais juntava uma tremenda eficácia na hora de sair em transição ofensiva. Já a equipa de Edgar Borges apenas se sentia confortável na hora de atacar, com a inspiração do luso-guineense Bruma a assumir-se como o grande trunfo em campo.

É certo que o mais provável é que a seleção que disputou o Mundial da Colômbia seja apenas a excepção que confirma a regra, que a equipa que chegou aos oitavos-de-final na Turquia represente a continuidade. Ainda que assim o seja, a verdade é que temos a continuidade do perfil e, como consequência, ausência visível de projeto. Ou seja, a continuidade significaria ter sucessivas seleções que vivem do momento, das circunstâncias. Se estivéssemos a trabalhar a marca de uma qualquer organização, diríamos que faltava trabalhar a sua identidade e a sua estratégia.

Se é verdade que todos antevemos a forma como a seleção espanhola jogará daqui a cinco anos, este mesmo exercício de antevisão revela-se muito mais difícil quando aplicado à selecção portuguesa.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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