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Basílio Almeida não consegue estar no sofá e sonha jogar até aos 50 anos

Aos 47 anos de idade, Basílio Almeida conta com quase 30 anos de carreira, muitos deles na I Liga, ao serviço do Vitória de Guimarães e do Salgueiros. Agora no Grupo Desportivo de São Roque, onde se sagrou campeão da ilha de São Miguel esta época, admite que, quando olha para trás, começa a sentir-se velho. Humilde, confessa que não consegue estar sentado no sofá e que praticar desporto é um «vício» que lhe faz sentir bem. Não ter vestido a camisola da seleção das «quinas» é o que mais lamenta na carreira, mas agora o seu foco é fazer história e jogar futebol federado até aos 50 anos de idade. Esta é a primeira de três partes de uma entrevista que vamos publicar nos próximos dias.

Basílio Almeida não consegue estar no sofá e sonha jogar até aos 50 anos

Qual é a sensação de ter uma carreira tão longa? O que é que sente quando olha para trás e vê aquilo que foi o seu percurso no futebol?

São duas boas perguntas. Nunca me tinham perguntado desta forma. Quando começo a olhar para trás faz-me sentir mais velho. Aí é que já começo a reparar na idade que tenho. Recordo-me, às vezes, daqueles bons momentos à medida que vou encontrando colegas, quando vejo resultados, equipas grandes a perder ou a empatar. Recordo-me de alguns momentos da minha altura, que foram, como é óbvio, momentos espetaculares. Mas isso já passou e não me sirvo muito do passado. Procuro sempre pensar no que sou agora, no que tenho e no que posso ser no presente e no futuro. E o que é que eu sou? Sou um indivíduo com 47 anos de idade, que ainda tem algumas capacidades físicas e mentais. Até porque com 47 anos ainda sou relativamente um homem novo. Claro que para o desporto de competição não é bem assim, mas recordo-me que quando tinha 29 anos diziam que já estava velho. O desporto é rendimento. Vou continuar a jogar e a fazer a vida que sempre fiz. Vou começar a jogar como sempre comecei. Felizmente nunca tive lesões.

Isso é um sinal que também tem uma boa condição física natural...

É, porque consigo treinar todos os dias. Eu não falho um treino. Para além dos treinos com a equipa, ainda tenho outros treinos de manhã. Faço ténis e outros desportos para complementarem a parte física e a parte mental, porque fazem-me sentir bem. E quando vou para os jogos, vou fazer uma coisa que gosto muito.

Há algum tipo de gestão por parte dos treinadores ou ainda consegue realizar os 90 minutos todos os fins de semana?

Hoje em dia o treino é mais estudado. Faz-se um treino mais fraco, depois um treino mais forte, a seguir um mais fraco para recuperar e assim sucessivamente, de forma a chegar no domingo em condições. No meu caso em particular, como já tenho muitos anos disso, não é o treinador que me vai dizer que tenho de treinar mais ou menos. O que importa é no dia do jogo estar a cem por cento. Lembro-me que quando estava no Sporting da Covilhã, com 38 anos, o treinador Hélio, que agora treina a seleção de sub-20, disse-me: «Basílio, não vou andar atrás de ti, gere as coisas como tu queres».

Como é que é essa gestão que faz da sua condição física durante a semana?

Nós no Desportivo de São Roque, fazíamos três treinos por semana, mas eu faço sete treinos. Treino de manhã e jogo ténis. Estou sempre ativo. Não consigo estar no sofá. Quando era jovem treinava muito e cansava-me demasiado, porque também não sabia gerir o esforço. O mais importante num desportista é ter rendimento. Uns precisam de treinar mais, outros menos, mas o mais importante é chegar ao dia do jogo e cumprir.

Qual é a sua principal motivação para continuar a jogar futebol?

Isto é um vício que está sempre comigo. Se ainda tenho capacidade para jogar futebol e souber que vou continuar a ter uma vida idêntica à que tenho feito, porque não continuar? Se conseguir chegar aos 48 ou 49 anos, muito bem. Se chegar aos 50 é um marco que vai ficar para a história e isso para mim é um motivo de orgulho muito grande.

Chegar aos 50 anos a jogar futebol é, portanto, uma meta que quer atingir?

Sim. Se formos a ver, há homens com 50 anos que trabalham nas obras, outros fazem caminhadas muito grandes. Isso é capacidade de superação pessoal. É uma marca bonita que quero atingir. Lembro-me que quando estava na formação do Benfica, o guarda-redes do Estrela da Amadora, o Melo, tinha 42 anos, e, na altura, disse que queria jogar até aquela idade. Curiosamente com 42 anos fiz uma das melhores épocas da minha carreira no Santa Clara B. Depois ainda fui para o Capelense e para o Desportivo São Roque, onde estou agora.

Qual é o principal feito que lamenta não ter atingido na sua carreira?

Ser internacional pela seleção. É o grande «handicap» da minha carreira. Representar o nosso país teria sido, sem dúvida, o auge.

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