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Mundial-2022: Vitórias sobre Brasil e Coreia «despertaram» o mundo – António Simões

As vitórias sobre Brasil e Coreia do Norte em 1966 ajudaram o mundo a «despertar» para o valor de Portugal, que poderia ter conquistado o Mundial do Qatar esse ano, caso já fossem permitidas substituições, considera António Simões.

Mundial-2022: Vitórias sobre Brasil e Coreia «despertaram» o mundo – António Simões

“A convivência com o sucesso já estava a ficar muito familiarizada nesta geração. Esse jogo com o Brasil confirma isso tudo. Eu e o Eusébio éramos os mais novos. Olhávamos para o Brasil e dizíamos ‘desta vez temos de os vencer’”, disse o antigo internacional português, em entrevista à agência Lusa, referindo-se ao triunfo (3-1) sobre o então bicampeão mundial em título, no derradeiro encontro da fase de grupos da competição realizada em Inglaterra.

António Simões não tem dúvidas do que representaram os duelos com brasileiros e coreanos: “É esse jogo, e também o épico jogo contra a Coreia, que faz com que o mundo olhe para esta geração e comece a pensar como um país tão pequeno aparece aqui a praticar um futebol de grande nível e a ganhar a todos. O mundo desperta para os nomes desta geração”.

Na primeira participação numa grande competição internacional, Portugal acabaria por superar Hungria, Brasil e Bulgária, e ficar no primeiro lugar do Grupo 3, qualificando-se para os quartos de final, em que começou por ser surpreendido, mas operou uma histórica reviravolta para seguir em frente.

“Nós estávamos à espera de jogar com a Itália, mas a Coreia do Norte eliminou-os. O senhor Otto Glória [selecionador] chamou-nos muito à atenção sobre o jogo. Aquilo não entrou na nossa cabeça e, aos 25 minutos, já havia 0-3. Estávamos a ficar doidos. Eles pareciam 22. Um colega nosso até disse ‘atenção, que eles agora metem outros 11, porque são todos iguais’”, referiu o ‘magriço’.

No entanto, a seleção nacional reduziu para 2-3 antes do intervalo, durante o qual a palestra do brasileiro Otto Glória “foi muito dura”, mas acabou por surtir efeito.

“Dizia-nos ‘vocês tiveram coragem de correr com os meus patrícios e, agora, com estes, que ninguém sabe de onde vêm, o que se passa?’. E disse ‘se nós não ganharmos este jogo, eu não vou convosco para Portugal. Vão vocês, mas eu não vou, porque é uma vergonha’. Depois disto, fomos por ali fora e fomos felizes, porque virámos completamente o jogo. A 20 minutos do fim, já estava 5-3”, recordou à Lusa.

Antes de José Augusto consumar a ‘mão cheia’ de golos da seleção, outro jogador já tinha dado a volta ao marcador, com quatro tentos: “O Eusébio esteve para o jogo como os reis estão para a sabedoria, para o talento. Foi rei e jogou como um rei. Teve colegas que sempre o compreenderam”.

A eliminação aos pés da anfitriã Inglaterra nas meias-finais acabou com o ‘sonho’ luso, que, segundo Simões, poderia ter sido concretizado, não fosse o facto de nessa altura ainda não serem permitidas substituições no futebol.

“Sempre tive a sensação de que se houvesse substituições nessa altura, eu acho que Portugal teria sido campeão do mundo, porque teria gerido o esforço de vários jogadores que jogaram 90 minutos em todos os jogos. É muito numa competição tão exigente e tão curta. Se eu poupasse 15 minutos em cada jogo, teria jogado contra a Inglaterra muito mais fresco do que estava”, confessou.

O terceiro lugar alcançado em Inglaterra, com um triunfo sobre a União Soviética (2-1), continua a ser o melhor desempenho de uma seleção nacional em mundiais, tendo a geração dos ‘magriços’ deixado um legado.

“O jovem português tem vocação para jogar futebol. Necessitava era de organização, para que, em vez de aparecer uma geração espontânea, como aquela a que pertenci, passassem a ser grupos organizados e identificados com o potencial de cada um. Carlos Queiroz foi quem melhor percebeu isso, juntamente com Nelo Vingada e Jesualdo Ferreira. Perceberam o que era necessário fazer para tirar o máximo de rendimento dessa tal vocação de que estou a falar. É esse legado [dos ‘magriços’] que fez com que se percebesse que, apesar de ser uma geração espontânea, havia vocação para o jogo. O que era necessário era organização. Depois da organização, é o que se tem visto”, concluiu o antigo jogador, que se notabilizou durante 16 anos serviço do Benfica.

A 22.ª edição do Campeonato do Mundo realiza-se entre 20 de novembro e 18 de dezembro, no Qatar.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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