Nunca como agora o modesto Clermont Foot recebeu tanta atenção dos media. A (boa) culpa reside na contratação da primeira treinadora para um clube profissional masculino. Helena Costa é a protagonista desta inteligente jogada, comunicacionalmente falando. Contudo, como não será de estranhar, esta contratação não pode ser apenas um brilhante lance de comunicação. E, felizmente, a técnica portuguesa já o tornou evidente.
Os clubes portugueses com mais atenção mediática caem, insistentemente, no erro de restringir ao máximo a sua comunicação através dos meios de comunicação social (sem contar com os dos clubes, claro). Já o dissemos antes e voltamos a fazê-lo: falar a um meio do clube é uma coisa, falar a um órgão independente é outra bastante diferente. Quer a nível simbólico, quer no que concerne aos públicos abrangidos, quer em relação aos objectivos a cumprir.
O sucessor de Sir Alex Ferguson aguentou cerca de dez meses no cargo. O lendário 'manager' escocês construiu e reconstruiu o mais bem-sucedido Manchester United da História ao longo de 27 temporadas, mas David Moyes nem chegou ao final da época de estreia.
Há 20 anos, o Calcio era o melhor futebol do Mundo. A Liga Italiana dominava o futebol europeu e mundial. Contudo, hoje o cenário é muito diferente. Os campeonatos inglês e espanhol estão francamente à frente e o alemão também já será superior. Itália já não está entre os três grandes e este facto não deixa de causar alguma inquietação.
O atual treinador do FC Porto arrisca-se a ser uma das mais agradáveis revelações comunicacionais desta temporada. Para confirmar este estatuto, Luís Castro apenas precisa de manter o rumo que tem seguido. Isto acontece porque o caminho trilhado tem sido absolutamente coerente e consistente, sendo facilmente percecionado como natural.
Há treinadores de futebol cuja gestão de carreira está longe de ser a melhor. Domingos Paciência é o expoente máximo no campo das péssimas escolhas. Depois dos bons trabalhos na União de Leiria, na Académica e no Sporting de Braga, o técnico agora no mais que modesto Kayserispor turco está há três anos a defraudar as boas expectativas que criou.
Vivemos tempos de permanente tumulto. Como muito bem referiu Zygmunt Bauman, a modernidade é marcada pela constante revolução dos líquidos. Com isto, aquilo que nos habituámos a dar como adquirido já não se encontra em estado sólido. Aquilo que já estava cristalizado encontra-se em revolução. O futebol não é excepção, tal como não o são as seleções nacionais.
José Mourinho é uma das personalidades mais mediáticas do mundo do futebol. O técnico português congrega em si mais atenções, expectativas e desejos do que a maioria dos clubes profissionais. Como escrevemos em dois textos anteriores, o regresso ao Chelsea afigurava-se como um verdadeiro desafio para a reputação do setubalense. Ainda especial ou já sem o toque de Midas, esta era uma das muitas interrogações existentes depois da desgastante aventura no Real Madrid.
Há quase dois anos, em abril de 2012, perguntamos no nosso blogue se alguém queria a Taça da Liga. Fizémo-lo devido a uma convicção muito clara: quer os clubes quer os adeptos pareciam não valorizar a competição. Os primeiros preferiam disputar jogos do campeonato ou da Taça de Portugal. Os segundos preferiam ver essas mesmas duas competições.
Por muito que o treinador do Benfica procure fazer gestão de danos, não há maneira de Jorge Jesus evitar o reforço de uma característica muito particular da sua reputação: a aversão à aposta em jogadores formados nos encarnados. Jesus não lança a prata da casa (pelo menos por vontade própria). Ponto final.
No texto da semana passada, a propósito de Ricardo Quaresma, fizemos referência às pouco comuns debilidades que a estrutura do FC Porto está a apresentar na presente temporada. No fundo, a organização portista não tem conseguido evitar ‘ruídos’ que, por norma, não existiam. Das declarações de Quintero e Defour à incapacidade de resguardar Paulo Fonseca, a atual época desportiva tem mostrado que não é fácil lidar com crises, sobretudo quando não se está precavido.
Ricardo Quaresma é (foi?), indiscutivelmente, um dos jogadores mais talentosos da sua geração. Antes de Portugal sonhar com Cristiano Ronaldo, era o extremo agora no FC Porto que detinha o rótulo de maior promessa do futebol português. Contudo, Quaresma raramente correspondeu àquilo que prometeu. O FC Porto foi o único oásis da sua carreira. Quaresma nunca cumpriu a marca que todos anteviram que poderia ser.
A participação das equipas portuguesas na fase de grupos da segunda competição de clubes da UEFA foi pobre. Paços de Ferreira, Estoril-Praia e Vitória de Guimarães não conseguiram mais do que oito empates e um triunfo nos 18 jogos disputados na Liga Europa. Contudo, há vida para além dos resultados. Este texto surge com o objetivo de dar conta disso mesmo, partindo das marcas, como não podia deixar de ser.
O sucesso de José Mourinho representou, no seio do futebol português, o triunfo de uma forma muito particular de encarar o jogo em causa. A partir desse momento, boa parte do discurso sobre futebol passou a ser feito em relação ao seu todo, de forma holística, na sua complexidade.
É frequente sermos confrontados com as declarações de alguém que diz querer 'jogar à'. Após a expressão segue-se o nome do clube. Na maioria das situações, não passa de uma declaração de intenções sem qualquer fundamento. Noutros casos, trata-se de uma manifestação, mais ou menos ingénua, sobre onde queremos estar.
Abel Xavier e Costinha representaram, respetivamente, a segunda e a terceira mudança de treinador na I Liga portuguesa. Apesar de nenhum dos dois ter a formação necessária para se assumirem como técnicos principais, o que levou José Pereira, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, a considerar que não se trataram de «verdadeiros despedimentos», ambos partilham alguns aspetos que os tornam muito interessantes do ponto de vista comunicacional.
Falar a uma só voz é fundamental num campo tão exposto como o futebol. Poucas atividades merecerão tanta atenção, de tanta gente, como esta modalidade. Meios de comunicação social, adeptos, rivais e afins. O desporto-rei é, com poucas dúvidas, a coisa mais importante entre as menos importantes, de acordo com uma velha frase atribuída a Arrigo Sacchi. Ora, como não podemos escolher não comunicar, todos os cuidados com as mensagens que difundimos são absolutamente necessários.
Confusões, declarações infelizes e suspeitas. Muitas suspeitas. O organismo que gere o futebol mundial não será, certamente, um dos que suscitam mais confiança entre os adeptos do desporto-rei. A FIFA não vive um momento de grande fulgor e isso reflete-se na sua reputação.